A atleta de judô Beatriz Souza conquistou, nessa sexta-feira (02/08), o primeiro ouro brasileiro dessas Olimpíadas de Paris 2024. Ao desbancar as duas melhores do ranking mundial, Beatriz Souza mostrou a força do judô brasileiro, modalidade que, até hoje, mais deu medalhas para o país em Olimpíadas.
A caminhada de Beatriz não foi fácil. Foram quatro lutas até chegar à final, sendo que na semifinal o embate foi contra a atleta francesa Romane Dicko, atual número 1 do ranking mundial de judô. Nas casas de apostas, ao utilizar o Betway bônus, Romane Dicko era considerada a grande favorita à medalha de ouro; porém, a brasileira conseguiu um Ippon e desbancou a francesa.
Na final, a luta foi contra a israelense Raz Hershko, atual número 2 do ranking mundial. A brasileira venceu a luta por waza-ari e se tornou a primeira atleta a vencer uma prova individual em sua Olimpíada de estreia.
Essa é a terceira conquista do judô em Paris 2024, juntando-se à medalha de prata de Willian Lima e ao bronze de Larissa Pimenta. Essas medalhas, além de trazer nosso primeiro ouro nessas Olimpíadas, também servem para consolidar o Brasil como uma das maiores forças do judô mundial, sendo o 5º país com o maior número de medalhas olímpicas nessa modalidade.
Origens do Judô no Brasil
O judô chegou ao Brasil no início do século XX, trazendo consigo a rica tradição das artes marciais japonesas. Esse processo começou com a chegada de imigrantes japoneses, principalmente na cidade de São Paulo, que trouxeram consigo não apenas suas culturas e tradições, mas também o desejo de compartilhar suas habilidades marciais. Entre esses imigrantes estava Mitsuyo Maeda, também conhecido como Conde Koma, um judoca altamente respeitado e um dos principais responsáveis pela introdução do judô no Brasil. Maeda estabeleceu a primeira academia de judô no país e começou a ensinar a arte marcial, semeando as bases para o crescimento do esporte.
O impacto inicial do judô no Brasil foi modesto, mas significativo. A prática começou a se espalhar gradualmente, com o estabelecimento de novas academias e a formação de grupos de praticantes dedicados. O judô começou a ganhar popularidade, especialmente entre os jovens, que viam no esporte uma oportunidade de aprender não apenas técnicas de combate, mas também valores como disciplina, respeito e superação pessoal. Com o tempo, o judô brasileiro começou a ganhar reconhecimento nas competições locais e regionais, estabelecendo-se como uma arte marcial com grande potencial para sucesso internacional.
Desenvolvimento e Primeiras Participações Olímpicas
O desenvolvimento do judô no Brasil ganhou impulso significativo quando o esporte foi incluído no programa olímpico pela primeira vez nos Jogos de Tóquio 1964. Esse momento foi crucial para a visibilidade do judô brasileiro no cenário internacional. A estreia olímpica foi um marco importante, mas o Brasil ainda estava em processo de desenvolvimento em termos de competitividade e estrutura para o judô. Apesar disso, a participação em Tóquio abriu portas para a evolução do esporte e estabeleceu uma base sólida para futuras competições.
A primeira grande conquista brasileira no judô veio com Chiaki Ishii, que ganhou a medalha de bronze em Munique 1972. Esta vitória foi um ponto de inflexão, demonstrando que o judô brasileiro tinha potencial para competir com sucesso no cenário global. O sucesso de Ishii ajudou a consolidar o judô como um esporte de destaque no Brasil, incentivando investimentos e esforços contínuos na formação de atletas e na melhoria das condições de treinamento. A partir de então, o judô brasileiro começou a se afirmar cada vez mais nas competições internacionais, preparando o caminho para as conquistas subsequentes.
Momentos Históricos e Principais Conquistas
O judô brasileiro alcançou um marco histórico importante nos Jogos Olímpicos de Seul 1988, quando Aurélio Miguel conquistou a medalha de ouro na categoria meio-pesado. Esta vitória foi um momento decisivo para o judô no Brasil, pois marcou a primeira vez que um judoca brasileiro subiu ao topo do pódio olímpico. Em 1992, em Barcelona, o Brasil novamente alcançaria o ouro olímpico com Rogério Sampaio na categoria meio-leve.
Em 2008, tivemos mais uma grande performance com a conquista de três medalhas de bronze por Leandro Guilheiro, Katleyn Quadros e Tiago Camilo.
Já em 2012, tivemos outra marca histórica, quando Sarah Menezes conquistou o primeiro ouro do judô feminino na categoria ligeiro. Sua vitória em Londres foi um momento de grande orgulho para o esporte no Brasil, demonstrando a força e a determinação das judocas brasileiras. Além do ouro de Sarah, Mayra Aguiar (meio-pesado), Felipe Kitadai (ligeiro) e Rafael Silva (ligeiro) conquistaram medalhas de bronze em 2012.
Nas Olimpíadas do Rio em 2016, tivemos mais um momento marcante com a vitória de Rafaela Silva em solo nacional, que trouxe uma emoção ainda maior para a medalha de ouro. Além de se tornar um ícone no esporte, ao vencer em casa, Rafaela influenciou diversos jovens a se interessarem pelo esporte.
Impacto e Legado
O sucesso do judô brasileiro nas Olimpíadas teve um impacto profundo e duradouro no esporte no país. As conquistas de atletas como Aurélio Miguel, Rogério Sampaio, Sarah Menezes, Rafaela Silva e agora Beatriz Souza não apenas elevaram o perfil do judô no Brasil, mas também incentivaram o aumento do interesse e da participação no esporte. A vitória desses judocas serviu como uma poderosa fonte de inspiração para jovens atletas, estimulando o crescimento de academias e programas de desenvolvimento que visam descobrir e formar novos talentos. Além disso, o prestígio adquirido nas competições internacionais ajudou a atrair investimentos e a promover o judô em várias regiões do país.
O legado das vitórias olímpicas também é evidente em projetos sociais que utilizam o judô como uma ferramenta de inclusão e educação. O esporte tem sido empregado para promover valores como disciplina, respeito e superação entre jovens de comunidades carentes. A influência das conquistas olímpicas ajudou a fortalecer a infraestrutura do judô no Brasil, melhorando as condições de treinamento e competição. O impacto desses atletas vai além das medalhas; eles ajudaram a moldar o judô como um símbolo de excelência esportiva e um exemplo de sucesso que continua a motivar e transformar vidas em todo o país.