DRAMA DO CRACK

'Cativeiro' é palco de morte, crack e sexo na zona sul de S. José

Por Da redação | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução
Local onde Danielle teve o corpo queimado
Local onde Danielle teve o corpo queimado

"Cativeiro".

Local onde Danielle Regina de Moraes Souza, 31 anos, teve o corpo incendiado, o "cativeiro" é um dos endereços do drama da dependência química em São José dos Campos. Após ter o corpo queimado, Danielle não resistiu. O ex-namorado foi preso por envolvimento no crime. Mas, afinal, o que é o chamado "cativeiro"?

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Trata-se de um buraco com grades, uma espécie de cômodo improvisado, localizado nos fundos de um ferro velho na zona sul da cidade e usado para o consumo de drogas, como dormitório para pessoas em situação de rua e também como espaço para relações sexuais. Danielle estava no local com o atual companheiro quando ambos foram queimados no início do mês.

O ex-namorado da vítima, que não aceitava o término e tinha ciúmes da relação dela com o atual companheiro, ateou fogo aos dois, que estavam no "cativeiro" -- ela teve 100% do corpo queimado, ele teve 80%.

Da adolescência até ser queimada viva pelo ex-namorado, Danielle desceu ao fundo do poço do uso de drogas e da vida nas ruas. Ela morreu no Hospital Municipal, na Vila Industrial, duas semanas depois de ter sido atacada, com 100% do corpo queimado.

Vida nas ruas.

Em depoimento à polícia, a mãe de Danielle relatou que a filha era usuária de drogas desde que tinha entre 17 e 18 anos. Nos últimos quatro anos, ela passou a utilizar crack e começou a viver em situação de rua por conta do vício, voltando para casa a cada 15 ou 20 dias.

Ela chegou a se casar com um homem e teve a primeira filha, hoje com 17 anos. A menina está grávida e Danielle morreu sem conhecer o neto. O casamento dela com o pai da filha durou por volta de três anos. Segundo a mãe, Danielle teve mais dois filhos com pais diferentes. Os três filhos dela têm 17, 12 e 7 anos.

No Natal do ano passado, Danielle visitou a mãe acompanhada de um homem que apresentou como namorado. Uma amiga contou à polícia que Danielle chegou a morar junto com esse namorado, numa casa no bairro Dom Pedro 2º, mas o caso não durou muito e Danielle voltou às ruas.

Foi então que, em 2 de junho, a mãe soube através de conhecidos que sua filha estava internada no pronto-socorro da Vila Industrial sem qualquer documento. Ela reconheceu Danielle e soube que outro homem havia sido internado com a filha, também queimado.

Na madrugada de 15 de junho, a mãe recebeu uma ligação do hospital informando sobre o falecimento de Danielle, que foi enterrada no cemitério municipal Colônia Paraíso, em São José.

Investigação.

Ao receber a notícia, a mãe de Danielle passou a rodar a zona sul da cidade para levantar informações sobre a morte da filha. Ela contou aos policiais que ouviu de pessoas que não quiseram ser identificadas que o responsável pelas queimaduras e posterior morte da filha era mesmo seu ex-namorado. A atitude “fria e egoísta” dele seria por “simplesmente não aceitar o fim do relacionamento”.

De acordo com o relato policial, o suspeito foi reconhecido por foto como sendo o autor da morte de Danielle e também a pessoa que começou a namorá-la no final de 2023. Ele foi preso.


Uma amiga da vítima disse aos investigadores que Danielle já havia reclamado da perseguição que sofria do ex-namorado, que a ameaçava. Ela contou que conhecia a vítima “há anos” e que as “circunstâncias e a crueldade empregada para assassiná-la não têm relação com o uso de drogas ou com a situação de rua em que vivia”. Para a amiga, se tivesse relação, a tragédia já teria ocorrido há muito tempo.

“Ela lamenta profundamente que uma mulher jovem, mãe e avó tenha tido um fim tão trágico”, diz trecho do depoimento da amiga.

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