LIVRO RETIRADO

Anderson não garante volta de livro retirado das escolas de SJC

Após prefeitura retirar o livro “Meninas Sonhadoras, Mulheres Cientistas” das salas de leitura, prefeito de São José disse não saber se a obra vai voltar para as escolas

Por Xandu Alves | 3 dias atrás | Tempo de leitura: 4 min
São José dos Campos

OVALE

Anderson Farias concede entrevista na redação de OVALE
Anderson Farias concede entrevista na redação de OVALE

O prefeito de São José dos Campos, Anderson Farias (PSD), disse que não há definição se o livro “Meninas Sonhadoras, Mulheres Cientistas” vai voltar para as escolas municipais da cidade.

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Escrito pela juíza Flávia Martins de Carvalho, o livro foi retirado das salas de leituras das escolas municipais por determinação da prefeitura, após o vereador Thomaz Henrique (PL) apontar suposta “apologia ao aborto” na obra.

Thomaz também criticou mulheres retratadas no livro, como a vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro em março de 2018, e a antropóloga Débora Diniz.

“Não posso dizer se vai voltar ou não. Ela foi retirada para que a gente pudesse analisar”, disse Anderson em entrevista exclusiva a OVALE. Veja a entrevista completa aqui.

“O que houve foi uma manifestação, não falo nem denúncia, porque eu não acho que isso daí é uma denúncia. Acho que foi uma manifestação apontando um texto que lá dentro vinha falando com relação a favor de aborto.”

Lançada em julho de 2022, o livro conta a história de 20 pesquisadoras que alcançaram posições antes restritas a homens. Assim como a autora, a maioria das mulheres mencionadas são negras e brasileiras.

A retirada do livro foi criticada por entidades como a Academia Joseense de Letras, que apontou risco de censura, e a Editora Mostarda, que repudiou a medida. “Obras que promovem o pensamento crítico e o exercício da cidadania devem permanecer nas escolas, sem quaisquer impedimentos de ordem autoritária”, disse a editora.

CENSURA.

Sobre a polêmica, Anderson disse que o livro passa por análise da equipe técnica da Secretaria de Educação e Cidadania. Ele negou que houve censura no episódio.

“Isso é algo que a gente tem que tomar muito cuidado, não quero ir nem por um lado e nem para o outro, não é essa discussão. A questão é o que a gente quer dentro das nossas escolas, das salas de leitura”, afirmou.

“Então, do mesmo jeito que esse livro adentrou lá não foi com uma discussão dessa, porque agora vai ter essa discussão porque nós tiramos para analisar? Essa é uma  decisão técnica da nossa Secretaria de Educação”, completou Anderson.

Ele destacou que a análise vai apontar se o material do livro é “pertinente ou não” para os alunos ou se é um material que “vai ter uma classificação”, ou ainda “se é um material que precisa colocar outro lado da história para que se possa deixar ali a história por completo, e não ficar só de uma parte que defende ou não essa questão [do aborto]”.

Anderson disse que a preocupação “é com a criança, com o ensino, com a unidade escolar” e que “todo mundo quer entrar na unidade escolar para discutir”.

“O meio ambiente quer falar que tem que separar o lixo, o outro para falar que tem que ter a árvore, o outro que tem que atravessar na faixa e cuidar do trânsito. A criança tem que estudar química, física, matemática, português, tem que saber ler e escrever, literatura. Ela se preocupa com o que?”, disse o prefeito.

“Lá é um ambiente de escola, de formação, de ensino e também para formar os bons cidadãos. Os valores ele aprende em casa. Mas a gente também vai formar bons cidadãos com matérias como empreendedorismo nas escolas, nas nossas creches, para que a gente possa formar bons cidadãos que tenham essa sensibilidade do que é certo e do que é errado.”

Anderson também disse que já teve um apontamento sobre “o caso da Marielle” com relação ao livro retirado, e que agora o apontamento é sobre a questão do aborto.

“O livro não teve mais nenhum tipo de questão, mas agora fizeram essa questão com relação ao aborto. Como esse assunto também está no grande debate do projeto de lei, então melhor é retirar. Vamos analisar para que realmente a gente possa decidir se retorna ou não retorna. Não tem prazo, mas lógico que nada vai ficar aqui ‘ad aeternum’, a gente quer o quanto antes que possa fazer essa análise.”

PL DO ABORTO.

Anderson também admitiu ser favorável ao PL 1904/24, chamado ‘PL do Aborto’, projeto de lei que equipara a pena do aborto feito após 22 semanas de gestação a de um homicídio simples.

“Eu sou a favor do projeto. Hoje em dia, infelizmente, se gera muita retórica e as redes sociais multiplicam muito as retóricas, que são várias. Já existe uma legislação, a lei hoje é para proteger a vida, com 22 semanas, tem toda uma regra. A própria lei é bem escrita, não deixa dúvida”, afirmou o prefeito de São José.

Por tratar de gestação com 22 semanas, o projeto de lei, para Anderson, trata de quando já se “uma criança formada”. Ele criticou o que chamou de “desinformação” sobre o PL e rejeitou que a proposta defenda estupradores.

“Então eu sou a favor do projeto de lei. Mas acho que ficam muitas retóricas, muitas desinformações que levam a discussão para um lado ideológico, que desvirtua completamente a discussão desse projeto”, afirmou.

“O projeto não defende, de forma alguma, o estuprador, de forma alguma tem essa lógica nessa legislação. Mas a gente precisa tomar cuidado nessa hora, senão fica no Fla-Flu e é muito ruim essa discussão, acaba desvirtuando de fato os conceitos da lei para realmente proteger a vida.”

 

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1 COMENTÁRIOS

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  • Maria Rita
    3 dias atrás
    Concordo com o prefeito.