Mais do que capacitar a defesa aérea do Brasil, a compra dos caças supersônicos Gripen pela FAB (Força Aérea Brasileira) permite um avanço tecnológico na indústria nacional, beneficiando especialmente a Embraer e empresas de São José dos Campos.
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O programa de transferência de tecnologia do Gripen é considerado, pela Saab e Embraer, o ponto alto do acordo assinado entre a Suécia e o Brasil, quando o país europeu venceu a concorrência para fornecimento dos caças, no final de 2013.
Na unidade de Gavião Peixoto da Embraer foi inaugurada, em maio do ano passado, a linha de produção do Gripen, onde serão produzidas 15 das 36 aeronaves atualmente contratadas pela FAB– contrato tem custo de 39,3 bilhões de coroas suecas (cerca de R$ 20 bilhões).
OVALE participou no dia 5 de junho de uma visita às instalações da Embraer e da Saab na linha de produção do Gripen, e conta detalhes da montagem do caça supersônico, que é capaz de voar duas vezes a velocidade do som.
A linha do Gripen completou um ano de existência juntamente com a entrada, na fase final de montagem, do primeiro caça produzido no Brasil, que vai ser entregue em meados de 2025. Um segundo caça está finalizando a montagem estrutural e um terceiro iniciará a produção em julho.
Segundo Luiz Hernandez, diretor de Cooperação Industrial na Saab Brasil, a empresa entregou sete aeronaves para a FAB, que já estão em operação. Um modelo é mantido para ensaio de voo e será entregue ao final do contrato.
“Esta é uma conquista significativa tanto para a Saab quanto para a Embraer”, afirmou Hans Sjöblom, gerente geral da Saab em Gavião Peixoto. “Como parte de um extenso programa de transferência de tecnologia, esta é a primeira linha de produção do Gripen estabelecida fora da Suécia e estamos realmente impressionados com a excelência demonstrada pelos funcionários da Embraer”.
Cerca de 350 profissionais brasileiros foram treinados na sede da empresa, na Suécia. O contrato prevê transferência de tecnologia para o Brasil, tendo a Embraer como principal parceira da Saab.
“Os profissionais da Embraer que trabalham na linha do Gripen passaram por um extenso treinamento na fábrica da Saab em Linköping para garantir que estejam bem-preparados para suas funções”, disse Walter Pinto Junior, COO da Embraer Defesa & Segurança.
“O conhecimento adquirido na Suécia não apenas enriqueceu nossa equipe, mas também trouxe ensinamentos valiosos e tecnologias avançadas para a Embraer, contribuindo para nosso crescimento e inovação contínuos.”
Hernandez disse que existem cerca de 60 projetos de desenvolvimento no escopo do programa de transferência de tecnologia, em razão da produção do Gripen em Gavião Peixoto.
Entre os benefícios para o Brasil, além da capacitação da indústria nacional em novas tecnologias, o aprendizado com a produção do Gripen permitirá ao país desenvolver, no futuro, um caça supersônico nacional de 6ª geração, como já almeja a FAB.
