FORAGIDA DA JUSTIÇA

Saiba quem é a bolsonarista joseense procurada pela Interpol

Por Da redação | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 4 min

Uma cabeleireira de São José dos Campos tornou-se internacionalmente conhecida, mas não por seus dotes profissionais. Aos 49 anos e militante bolsonarista, Alethea Verusca Soares vive o calvário depois de ter sido presa e condenada pela participação nos atos golpistas e de vandalismo contra a Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro do ano passado.

Clique aqui para fazer parte da comunidade de OVALE no WhatsApp e receber notícias em primeira mão. E clique aqui para participar também do canal de OVALE no WhatsApp.

Ela encontra-se foragida e entrou para a lista vermelha da Interpol. Depois de ganhar uma tornozeleira eletrônica, a joseense teria fugido com destino ao Uruguai.

No Vale, ela trabalhava como MEI (Micro Empreendedora Individual) sob o nome fantasia de ‘Veruska Hair’, com endereço em Jacareí.

Até a prisão, Alethea era bastante atuante nas redes sociais defendendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ataques seus opositores, principalmente Lula e o ministro Alexandre de Moraes. Ela divulgava vídeos sobre Bolsonaro em postagens no Instagram. A vida digital desapareceu depois da prisão.

No dia 9 de dezembro de 2022, ela apareceu em uma foto dentro de um ônibus, com a legenda: “Estamos chegando presidente, vamos resolver essas paradas aí”. Antes dessa data, ela estava no acampamento bolsonarista em frente ao DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), em São José. Ela também publicou um chamamento para o ato nos dias 7 e 8 de janeiro.

Na condenação, o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, chegou a citar um vídeo, com imagens dos atos golpistas, encontrado no celular dela com o título de “tomada de poder”. Alethea foi flagrada em diversas imagens no dia 8 de janeiro.

Alethea conseguiu a liberdade monitorada por tornozeleira eletrônica. No entanto, no começo de janeiro deste ano, ela fugiu para o Uruguai, cruzando a fronteira em Santana do Livramento (RS), após quebrar a tornozeleira que lhe foi concedida como medida cautelar durante o processo dos crimes que cometeu.

Em novembro do ano passado, Alethea foi condenada pelo STF (Supremo Tribunal federal) à pena de 16 anos e seis meses de prisão por abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado.

Fotos dela no ato golpista fazem parte do processo em que ela foi condenada. As imagens foram feitas por ela mesma durante a invasão em Brasília. Alethea foi presa dentro do Palácio do Planalto e só conseguiu a liberdade provisória sete meses depois.

CONDENADOS EM FUGA

Ao menos dez militantes bolsonaristas condenados ou investigados por participarem dos ataques antidemocráticos às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, quebraram suas tornozeleiras eletrônicas e fugiram do Brasil.

O levantamento do UOL aponta que ao menos 51 pessoas suspeitas de participar dos ataques às sedes dos Três Poderes após as eleições presidenciais de 2022 têm mandados de prisão em aberto ou fugiram após quebrar as tornozeleiras eletrônicas.

Entre elas, a reportagem identificou dez pessoas que fugiram para o exterior neste ano pelas fronteiras de SC e RS, incluindo a cabeleireira de São José. Os destinos delas foram a Argentina e o Uruguai. Sete dos fugitivos já foram condenados pelo STF a mais de dez anos de prisão por participarem de tentativa de golpe de Estado no 8 de Janeiro.

Seis dos dez fugitivos são mulheres, e a maioria é de estados do Sul (PR e SC) e do Sudeste (SP e MG). A idade média deles é de 50 anos. O levantamento foi feito com base em registros do STF e CNJ (Conselho Nacional de Justiça), como ordens de prisão, e em entrevistas com parentes, investigadores, amigos e advogados.

Os advogados dos investigados e réus negam que eles tenham depredado prédios públicos ou participado de tentativa de golpe de Estado nos ataques de 8 de janeiro. Alguns afirmaram que estavam nos prédios dos Três Poderes apenas para se protegerem de bombas lançadas por agentes de segurança.

Pelas leis brasileiras, a destruição da tornozeleira e a fuga não aumentam a punição, mas o fugitivo perde o direito ao regime aberto e volta ao semiaberto ou fechado. Por outro lado, facilitar a fuga é crime punível com seis meses a dois anos de detenção.

* Fonte: Eduardo Militão, da Folhapress

* Colaborou Amanda Cotrim, do UOL, em Buenos Aires

Comentários

Comentários