MORTE EM SÃO JOSÉ

Testemunhas de acidente dizem a OVALE não ter visto motos perseguindo Volvo na Tamoios

Por Leandro Vaz | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 5 min
Reprodução
Cristiano e Kelvin; ao fundo, o Volvo após o acidente
Cristiano e Kelvin; ao fundo, o Volvo após o acidente

Peças-chave na investigação, duas testemunhas do acidente que matou o motociclista Cristiano Teixeira de Oliveira, 39 anos, narraram a OVALE detalhes dos momentos que antecederam a tragédia na Rodovia dos Tamoios e a dinâmica dos fatos que estão sendo apurados pela Polícia Civil de São José dos Campos. Sob a condição de anonimato, duas amigas de 37 e 29 anos, que estavam em carros separados e presenciaram o acidente, falaram à reportagem. O motorista da Volvo XC60, o empresário Kelvin Barbosa Ribeiro, 31 anos, fugiu do local e parou apenas dois quilômetros depois. Ele se apresentou à Polícia Civil de 48 horas após o atropelamento, sendo ouvido e liberado.

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As testemunhas, que já prestaram depoimento na delegacia, garantem que não havia motos perseguindo Kelvin, como alegou o empresário. Segundo a defesa dele, em nota à imprensa, Kelvin estava fugindo da abordagem de criminosos e, acidentalmente, atropelou Cristiano (leia a nota no fim da reportagem).

As duas testemunhas garantem que não havia outras motos na pista, apenas aquela guiada por Cristiano. “Fomos pela Vila São Bento, entramos na Tamoios pelo Torrão de Ouro. Atrás da gente tinha um Monza escuro. Assim que entramos na Tamoios, passou a Volvo em alta velocidade, o Monza cortou a gente e passou. Aí depois disso, logo a gente avistou a Volvo fazendo zigue-zague. De dentro do carro, a gente viu o cadáver e encostamos o carro”, disse a mulher de 37 anos. Ela estava acompanhada do marido e neto no carro.

Segundo ela, o motorista do Monza também parou e o veículos estava com alguns danos. O motorista alegou que tinha sido atingido durante o acidente. “Acreditamos que o corpo possa ter batido no Monza” disse a testemunha. “O motorista perguntou se a gente tinha visto o Volvo, e dissemos que sim, que passou muito rápido”, disse. O dono do carro ainda não foi identificado.

Após a colisão, ela garante que o motorista do Volvo seguiu em zigue-zague em alta velocidade. “Eu fiquei ligando para a polícia. O resgate demorou cerca de 15 minutos para chegar”, disse ela.  Apesar da escuridão no local, a testemunha reforça que não havia outras motos no local. “A gente não viu nenhuma moto passando. Vimos só a Volvo em alta velocidade e o Monza. Foi tudo muito rápido. Não teve outra moto. Não vimos ninguém”, garante ela.

A outra testemunha, de 29 anos, que estava a frente do acidente, em outro carro, também narra que não havia mais outra moto no local. “Eu estava no carro da frente. Mas também não vimos nenhuma moto, como ele disse que tinha as motos, inclusive na contramão. O que vimos depois é que motoboys foram atrás do motorista porque ele tinha fugido”, disse a jovem.

Ela estava com o marido no carro, e seguiu para o bairro São Judas, onde o motorista da Volvo havia parado o veículo. As duas testemunhas tinham saído com seus familiares juntas e foram tomar um caldo, quando retornavam para casa, na região do Putim. “Eu fui umas primeiras a chegar no local onde o carro estava. No impulso eu já abri o carro e vi uma bolsa de mulher e a carteira. Mas aí pediram para não mexer em nada até polícia chegar”, disse.

As duas testemunhas já narraram todos os fatos à delegada Maura Braga do 7º Distrito Policial. “Até hoje eu não durmo direito. Eu fiquei em choque. Estou muito assustada ainda”, disse a mulher de 37 anos. Imagens de câmeras de segurança devem ajudar ainda nas investigações e foram requisitadas pela Polícia Civil.

OUTRO LADO.

O advogado Rodrigo Coelho da Cunha, que defende Kelvin no caso, enviou uma nota à reportagem de OVALE na noite de terça-feira com a  versão do motorista sobre o acidente. De acordo com a defesa, Kelvin estaria escapando de uma abordagem criminosa e acelerou o carro, batendo "por uma fatalidade" na moto de Cristiano. Segundo a defesa, o empresário e sua família estão recebendo ameaças. Leia abaixo a nota na íntegra:

"Na condição de advogado do motorista que está sendo investigado pela morte do sr. Cristiano Teixeira Oliveira, que veio a falecer em decorrência do acidente de trânsito ocorrido na Rodovia dos Tamoios, no dia 27/04/2024, temos a informar o seguinte: 1. Enquanto trafegava pela Rodovia dos Tamoios, em direção a sua residência, o motorista percebeu a aproximação de duas motocicletas, tendo uma delas sinalizado em direção ao seu veículo e outra ingressado na contramão em direção ao seu carro para iniciar a abordagem criminosa. Naquele momento, temendo por sua vida, acelerou o veículo com o objetivo de se evadir do local, vindo a colidir, por fatalidade, com a motocicleta dirigida pelo sr. Cristiano Teixeira Oliveira.

2. Assim que ouviu o barulho da colisão, percebeu que a moto havia ficado acoplada ao parachoque do veículo e, sem identificar o motociclista e sem vê-lo caído ao chão, permaneceu em fuga em direção ao bairro mais próximo em busca de ajuda. Informa ainda que possui arma de fogo registrada e efetuou disparo para o alto com o intuito de afastar os criminosos.

3. O motorista informa que se apresentou espontaneamente à autoridade policial, que está colaborando para a elucidação dos fatos e que lamenta profundamente a morte do sr. Cristiano Teixeira, solidarizando-se com a família da vítima e colocando-se à disposição para dar todo o suporte que for necessário.

4. O motorista nunca respondeu a nenhum processo criminal, não faz uso de bebidas alcoólicas ou de drogas e pede para que sua vida pessoal não seja exposta, pois está recebendo ameaças após a ampla divulgação do caso pela imprensa, temendo pela vida de sua esposa e filho.

5. Por fim, esclarece que o motorista agiu em estado de necessidade, sem nunca assumir o risco pelo acidente ou agir de forma negligente ou imprudente, cujos fatos serão devidamente comprovados pelas provas já encaminhadas para a Polícia Civil".

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