Além do trabalho no DCTA, ele fazia bicos como motoboy, fazendo entregas pela cidade, para aumentar a renda e ajudar a mãe, que trabalha como faxineira numa escola de São José.

Ainda sob o efeito de remédios, em razão do choque, Joseli Souza, 48 anos, se recorda do momento em que viu o filho vivo pela última vez.

“Ele colocou o capacete, a roupa e a capa de chuva. Disse que ia trabalhar um pouco e já voltava. E me disse: ‘Fica com Deus, minha vida’. Mandei mensagem às 20h30 daquele domingo e ele não respondeu. Nunca mais vi meu filho com vida”, conta a mãe.

MEMÓRIA

A maneira carinhosa como David a tratava é a memória que Joseli vai guardar para o resto da sua vida, dando-lhe força para suportar a dor de perder um filho tão jovem.

Segundo ela, naquele final de semana, David havia trabalhado no DCTA de sexta para sábado e estava de sobreaviso no domingo, caso algum militar faltasse.

“Ele passou o dia rindo, brincando com os primos e os filhos de uma amiga. Também brincou com todos os amigos da rua. Ele foi descansar e ia começar uma entrega. Eu disse para ele que não precisava trabalhar naquele dia, mas ele disse que tinha contas para pagar”, lembra Joseli.

A mãe diz que foi acordada na noite de domingo pela filha e uma cunhada, dizendo que David havia sofrido um acidente. “Para mim, foi um choque muito grande”.

David dirigia a moto pela Avenida dos Astronautas quando perdeu a direção e bateu num poste, por volta de 23h30 do domingo (14). Ele morreu no local do acidente.

Joseli acredita que o filho tenha sido vítima de uma fatalidade, mas o pai do garoto, que não mora mais com ela, pensa diferente.

“O que aconteceu com ele é uma dúvida que estamos querendo tirar também. Quem viu o acidente disse que não tinha carro na avenida e que ele não estava disputando corrida, creio que se perdeu na curva e bateu no poste, e morreu no local mesmo. Quando chega a hora não tem para onde correr.”

“No fundo do meu coração, não vai haver culpado e acho que foi uma fatalidade. Não sei a quanto ele estava. O pai está abalado e quer saber o que aconteceu, porque ele o viu sendo preparado [o corpo] e ele estava bem machucado. Estamos correndo atrás das imagens para ver se conseguimos ver o que aconteceu.”

Joseli disse que se apega aos bons momentos com o filho, que foram muitos, e pela memória e a lembrança de ter criado o que ela chama de um “menino de ouro”. “Tivemos muitos bons momentos que juntos. Ele era meu parceiro, amigo, filho, companheiro e conversávamos muito. Ele era minha vida”.