QUADRILHA

'Vamos trampar?': WhatsApp mostra ladrões tratando crime como trabalho no Vale

Polícia Civil investiga quadrilha especializada em roubos a residências dentro de condomínios no Vale; Justiça decretou prisão preventiva dos criminosos

Por Da redação | 10/04/2024 | Tempo de leitura: 4 min
São José dos Campos

Reprodução

Carro usado no roubo em condomínio de Taubaté
Carro usado no roubo em condomínio de Taubaté

Mensagens interceptadas pela Polícia Civil mostram assaltantes de quadrilha especializada em roubos a residências dentro de condomínios no Vale do Paraíba tratando o crime como “trabalho”. O grupo planeja as ações por mensagens de aplicativo e chama os roubos de “trampa”.

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De acordo com informações da investigação, conduzida pela Delegacia de Homicídios de São José dos Campos, com apoio da Polícia Civil de Taubaté, as mensagens revelam que a quadrilha planejou e executou vários assaltos a residências em condomínios.

Nas mensagens, os criminosos falam até da casa do prefeito de Santa Branca, Adriano Levorin. “Tinha nada na [casa] dele”, escreve um dos membros da quadrilha.

Os assaltantes chamam os roubos de “trampa” e revelam a preparação dos golpes nas trocas de mensagens por aplicativo. Um deles alerta o comparsa para irem de “carro limpo” ao roubo, em razão das câmeras de segurança no local.

Em outras conversas, um dos criminosos é questionado pela namorada sobre o “trabalho” que ele tem que fazer. Eles combinam uma viagem durante o Carnaval, no início de fevereiro, e o ladrão diz que pretendia “trabalhar” até 30 de janeiro. Eles também falam sobre trocar de carro.

A namorada desconfia do “trabalho” do rapaz e diz a ele: “Vc some. Não manda uma mensagem sequer. Fica andando de madrugada. Tô fora disso cara”. O namorado responde: “Tô não amor”.

A polícia também descobriu conversas entre dois membros da quadrilha em que um deles pergunta se o outro lavou “as coisas”, que seria uma menção a objetos usados nos roubos, como coturnos.

INVESTIGAÇÃO

A quadrilha começou a ser investigada após um roubo a residência em condomínio no Altos do Cataguá, em Taubaté, em 29 de janeiro deste ano – bem na data em que um dos membros do grupo diz à namorada que estava “trabalhando”.

Quatro encapuzados, usando luvas e todos armados, invadiram a residência, por volta de 23h45, e amarraram os moradores com cadarços de tênis, mediante grave ameaça. Eles roubaram vários objetos da casa.

Imagens de câmeras de segurança revelaram à polícia um veículo trafegando pelo condomínio na hora do crime, depois dirigindo-se para a Rodovia Oswaldo Cruz e dali, provavelmente, para a Via Dutra.

Os investigadores pediram informações à Polícia Rodoviária Federal e descobriram que o carro havia passado em diversos pontos da Dutra na madrugada de 30 de janeiro, horas depois do crime. Outro veículo foi descoberto passando pelos mesmos pontos e horários.

Assim, com o auxílio de câmeras inteligentes do CSI (Centro de Segurança e Inteligência) de São José dos Campos, com análise de placas, os policiais identificaram os mesmos dois carros trafegando por ruas da cidade.

EM CAMPO

De posse das características dos veículos, os policiais saíram à caça. Um deles foi encontrado no bairro Vila São Sebastião, em Santa Branca, no dia 1º de fevereiro.

Na ocasião, ao ver os policiais, Felipe Martins do Nascimento, 30 anos, tentou fugir para a residência vizinha, mas acabou tendo que atender os agentes, que perceberam dois pares de botas táticas na casa, secando ao sol.

Felipe disse aos investigadores que o carro estava no mecânico, e acompanhou os policiais até uma oficina no bairro Chácaras Reunidas, na zona sul de São José dos Campos.

O carro foi apreendido e Felipe prestou depoimento na delegacia, onde confessou o crime. Por não ser flagrante, ele foi liberado e está foragido – uma irmã dele confirmou aos policiais que ele sumiu após depor na delegacia.

O outro carro foi encontrado no Campo dos Alemães, na zona sul de São José. Dirigia o veículo William Henrique dos Santos Simões, 25 anos, que negou a participação nos roubos. O carro, que teve características alteradas para “enganar” a polícia, também foi apreendido.

Na casa de William, a polícia encontrou diversos objetos roubados em condomínios e que foram reconhecidos pelas vítimas, como anel, tênis de marcas como Nike e Lacoste, joias e perfumes.

“Diversos roubos semelhantes ocorreram em outras cidades da região. Em contato com as demais vítimas e tendo-se em vista o mesmo modus operandi utilizado nos crimes, comprova-se que se trata do mesmo grupo criminoso especializado em roubos em residências situadas no interior de condomínios”, informou a Polícia Civil.

MEMBROS DA QUADRILHA

As mensagens interceptadas pelos investigadores vieram de dados recuperados do celular de Felipe Martins, que tem diversas passagens criminais e segue foragido. Ele já responde criminalmente por seis crimes de furto, três de receptação e dois de extorsão, além de dirigir sem habilitação, falsificação de documento público e uso de documento falso.

Felipe é egresso do sistema prisional desde julho de 2021 e está em liberdade condicional no processo que responde pelos crimes de falsificação.

Os policiais prenderam William Henrique, que também responde a processos por furto (6 vezes) e receptação (3). Ele também é egresso do sistema prisional desde agosto de 2021.

Também foi preso Lucas Simões Antônio, 29 anos, que responde a processos por roubo (4 vezes), porte de arma de fogo (3) e receptação (6). Ele é outro egresso do sistema prisional desde outubro de 2021, quando progrediu para o regime de prisão domiciliar.

Informações sobre o paradeiro de Felipe Martins podem ser repassadas à polícia, de forma anônima, pelos telefones 197 ou pelo WhatsApp (12) 98108-7510.

Felipe Martins do Nascimento é procurado pela polícia
Felipe Martins do Nascimento é procurado pela polícia

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