
O fotógrafo esportivo Marcelo Kodato, de São José dos Campos, era considerado um dos profissionais mais talentosos do Brasil, com trabalhos que se tornaram referência em diversas modalidades, como no crossfit. Ele morreu aos 43 anos após sofrer uma parada cardíaca, na última terça-feira (2).
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Ele era pai, faixa preta de jiu-jítsu e craque em fotografar esportes variados, considerado um dos principais nomes do país na fotografia do crossfit, que ele ajudou a profissionalizar e a popularizar.
Dois meses antes de morrer, ele participou do DeckCast, podcast voltado para o público fitness, apresentado pelos atletas Gi Santos, Gui Weisshaupt e Rafa Assayag.
Kodato contou como iniciou na fotografia esportiva e disse que buscava a essência dos fotografados em seus cliques, característica que marcou seu trabalho visual.
“O estilo fotográfico é a essência do fotógrafo, o seu olhar. Ninguém vai ser igual. Somos diferentes. Não tem como clicar igual. Ao longo dos anos a gente vai criando uma identidade, e construindo isso. A gente constrói coisas. A minha experiência foi construindo a minha identidade. Uma fotografia sem identidade é uma mera foto, eu busco a essência da pessoa. Muitas pessoas choram ao ver a foto que fiz delas”, afirmou o fotógrafo.
Neto de descendentes de japoneses que emigraram para o Brasil no início do século 20, Kodato contou que foi incentivado desde cedo pelos pais a praticar esportes, prática que o ajudou a enfrentar um drama que milhares de jovens encaram nos dias de hoje: o bullying.
“Venho do esporte. Meus pais eram atletas. Meu pai jogou beisebol. Cresci nesse meio de atletas. Sofri muito bullying na escola na infância e a forma de conseguir compensar era ser bom nos esportes. E consegui nos esportes a força para sair do bullying e o combater. Me dei muito bem no atletismo, com salto em extensão. Me dei bem no basquete, vôlei, beisebol. Sou faixa preta em jiu-jítsu”, disse ele no podcast.
Kodato contou que começou a fotografar o crossfit meio por acaso. Ele viu um vídeo na internet da atleta Carol Hobo subindo a corda e decidiu conhecer mais o esporte.
“Conheci o pessoal do crossfit Moema e eles vieram para uma apresentação em Taubaté. Fui fotografar sem pretensão alguma, e me apaixonei pelo esporte. A [atleta] Vivian Aiello foi minha madrinha no crossfit. Ela abriu as portas. Conheci várias pessoas do meio. Fiz amizade e fui ficando com esse pessoal. Fui espontâneo e sem querer caí de paraquedas no lugar certo.”
Então, Kodato começou a fazer campeonatos, a clicar marcas e atletas e acabou criando um método de gestão e organização da fotografia para o crossfit.
“Depois de longo tempo fotografando os campeonatos e para as marcas, vi que poderia fazer a parte de gestão, para organizar e melhorar a vida dos fotógrafos e atletas. Melhorou bastante e deu muito certo”, afirmou. “Em 2023 fiz meu último campeonato em Brasília e passei o bastão para outro fotógrafo”.
O fotógrafo também era requisitado por celebridades, como o apresentador Marcos Mion, o fisiculturista e deputado estadual Felipe Franco e a dançarina Renata Bardazzi, todos clicados por ele.
Kodato ficou conhecido por seus trabalhos icônicos, como na cobertura do Mr. Olympia 2023, a mais famosa e importante competição do fisiculturismo mundial.
“É a Copa do Mundo do fisiculturismo, o campeonato mais importante do planeta. Só o fato de subir no palco foi uma experiência incrível. Eu estava lá como fotógrafo oficial do evento e tive um local privilegiado para trabalhar e fazer cliques de atletas que foram oito vezes campeões. É importante estudar a categoria e os atletas, tem que fazer essa imersão. Fiz isso no crossfit. Vivi os esportes para saber os detalhes a se fotografar”, contou Kodato.
Ele ainda explicou que levou para dentro das empresas em que trabalhou, como a Johnson & Johnson, um estilo de liderança que aplicava nos esportes e na fotografia.
“Meu tipo de gestão de fotógrafos é de servir, e não de mandar. É assim com meu trabalho corporativo na J&J, por exemplo, onde fiz projetos. Meu tipo de liderança sempre foi de servir as pessoas. Conseguir obter o melhor desempenho delas. Vale para várias áreas da vida. Fico feliz em saber que posso ajudar as pessoas. Não é só sobre o dinheiro”, afirmou.
Aos fotógrafos iniciantes, ele costumava dar uma dica simples, mas valiosa: “Precisa estudar para fotografar, além de praticar”.
Nas redes sociais, após a notícia da morte de Kodato, ele foi homenageado por várias pessoas que cruzaram o caminho dele.
“Trabalhamos juntos em TI por muitos anos! Um cara sensacional. Trazia paz e alegria com seu olhar cativante. Sentirei falta das nossas conversas e risadas. Vá em paz meu amigo. Seu papel aqui na terra foi feito”, disse Daiana Gonc?alo.
O fotógrafo Claudio Capucho escreveu: “Kodato era muito querido. Um ser humano incrível. Ele tinha um olhar diferenciado. Fará muita falta. Triste por essa notícia”.