ENTREVISTA OVALE

Cracolândia: ‘Estamos tomando as ações para fazer do jeito certo’, diz Felicio

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 5 min
Daniele Souza / OVALE
Felicio na redação de OVALE
Felicio na redação de OVALE

O vice-governador de São Paulo, Felicio Ramuth (PSD), defendeu a política de ação adotada pelo Estado com relação à Cracolândia (cena aberta de uso, como nomeia o governo), no centro de São Paulo, cujo combate foi uma das promessas de campanha do então candidato Tarcísio de Fretas (Republicanos).

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“Já oferecemos tratamento com internação ou acolhimento em comunidade terapêutica pra 9.000 pessoas, isso não só da cena aberta de uso, mais de toda a Grande São Paulo”, disse Felicio.

No entanto, números da Prefeitura de São Paulo mostram que o número de frequentadores da Cracolândia aumentou no final do ano passado.

Confira a entrevista do vice-governador de São Paulo sobre a Cracolândia.

De acordo com dados da Prefeitura de São Paulo, a quantidade de pessoas frequentando a Cracolândia aumentou 43% no segundo semestre de 2023 em comparação com os primeiros seis meses do ano. A circulação média de pessoas foi de 370 para 529. Isso demonstra uma fragilidade do programa do Estado para pôr fim à cracolândia?

Primeiro é um problema de 30 anos. É importante evitar esse nome de cracolândia. Estamos em 2024 e vários nomes e nomenclaturas foram abolidos. A gente não acredita que se deve associar àquelas pessoas e região a um parque de diversões, como se fosse Disneylândia. Eles não estão lá se divertindo. Estão lá porque sofrem de uma doença e estão numa situação de vulnerabilidade.

Nós criamos um equipamento público que tem atendido muita gente não só da região central, que a gente chama de cena aberta de uso, lá da rua dos Protestantes, onde a gente tem a maior concentração hoje. Trata-se do Cratod (Centro de Referência de Álcool e Outras Drogas), rebatizado de “Hub de cuidado com crack e outras drogas”.

Por dia, de 20 a 25 usuários das cenas abertas são levados ao Hub voluntariamente e encaminhados para tratamento. Nós já é oferecemos tratamento com internação ou acolhimento em comunidade terapêutica pra 9.000 pessoas, isso não só da cena aberta mais de toda a Grande São Paulo.

E esse resultado tem sido muito positivo. Nós vamos fazer um ano do Hub de cuidado com o crack e outras drogas e vão poder comemorar escutando a história de pessoas que passaram pelo Hub, passaram pelo acolhimento, pelo tratamento, e hoje têm a sua vida transformada, na porta de saída disponível em uma ação conjunta do Estado e município.

O que existia antes era uma forma de contagem individual feita por uma determinada metodologia. Nós resolvemos unificar as metodologias de contagem e divulgá-las publicamente. Isso que é importante. Divulgar esses dados, não só do número de usuários, mas da violência na região central da cidade.

Para se ter ideia, nesses dois meses comparados com os dois meses do ano passado nós tivemos uma redução de 45% dos roubos na região central e 35% dos furtos. Quem hoje vive e convive na região central já viu a diferença.

Eu me reúno a cada 15 dias, porque eu tenho um gabinete lá no centro, eu atendo os comerciantes, até porque uma vez prefeito sempre perfeito. Então, eu gosto de fazer essa conversa de olho no olho. Como vice-governador, e como o governador me incumbiu dessa missão importantíssima, então eu converso com os comerciantes da Santa Efigênia, das ruas, a associação de moradores, síndicos de prédio.

Na última reunião, eu estive com eles e todos já percebem a diferença. Atuação das forças de segurança e do cuidado que a gente tem para com aquelas pessoas. O que existia até então, porque a gente ainda não resolveu de forma definitiva ou não diminuiu aquele impacto, porque o centro da cidade de São Paulo passou a ser o melhor lugar para as pessoas se esconderem.

Na cena aberta de uso o pessoal se esconde e consume drogas. É essa a lógica que nós estamos invertendo. Então vem aí a utilização das câmeras pela cidade de São Paulo, com inteligência. Todos os usuários são qualificados e nós sabemos exatamente quem são eles. Temos a qualificação desses usuários e temos esse apoio do Hub com equipes, inclusive de apoios social.

Quantas pessoas frequentam a região?

Quando a gente pergunta normalmente para as pessoas quantos acham que estão nas cenas abertas de uso, todo mundo fala de 3.000 a 4.000. Já houve mesmo na Praça Princesa Isabel, quando chegamos a ter, em anos anteriores, até 4.000 pessoas.

Então, hoje o problema é por volta de 500 pessoas na parte da manhã e por volta de 800 a 1.000 na parte da noite. Estamos tomando todas as ações necessárias para, ao longo dos próximos meses e anos, como foi prometido pelo governador Tarcísio, fazer a coisa do jeito certo. A nossa velocidade de execução tem que ser para garantir que tudo seja muito bem executado, e assim está indo de acordo com a nosso planejamento.

Eu lembro que em abril do ano passado eu disse da série de ações que iríamos fazer ali dentro das cenas abertas de uso, e elas já dão resultados para muitas pessoas, como essas que foram acolhidas e tratadas. E ainda precisam dar resultados para muito mais gente.

Temos hoje 160 pessoas ali que estão desaparecidas, que têm boletim de ocorrência de desaparecimento em aberto. Eu sei todos os dados, coisa que nunca existiu em relação à atuação ali na cena aberta de uso.

Então nós vamos mudando essa realidade para quem já foi atendido, para quem já foi acolhido e vamos continuar trabalhando para garantir segurança e separar o joio do trigo. O trabalho tem sido feito com inteligência pelas polícias Civil e Militar para a gente poder também atacar o abastecimento da região.

Os trabalhos têm avançado e a gente tem a tranquilidade necessária para fazer bem feito assim como fizemos em roubos e furtos, que já têm um resultado muito expressivo de redução lá no centro da cidade de São Paulo, principalmente ao redor dessa cena aberta da rua dos Protestantes.

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