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O grupo político liderado por Emanuel e pelo também ex-prefeito Eduardo Cury (PSDB) está fazendo um raio-x dos problemas da cidade. Na avaliação dos tucanos, o município, que hoje é administrado pelo prefeito Anderson Farias (PSD), que deixou o PSDB ao lado do vice-governador Felicio Ramuth em 2022, está seguindo por um caminho "preocupante".

"Estou conversando mais seguidamente com o Cury há dois ou três meses, estamos levantando mais ou menos a situação em que se encontra [a cidade], o que estamos vendo é que está indo para um caminho errado", declarou Emanuel, que ocupou o sétimo andar do Paço entre os anos de 1997 e 2004.

"Vejo com preocupação os rumos que estamos tomando, mas ainda não temos detalhados todos esses dados, nós estamos levantando", afirmou o tucano. OVALE apurou que a intenção é, por meio da radiografia, comparar os problemas atuais com a situação vivida nas gestões de Emanuel e Cury.

Com dois mandatos cada, os dois caciques deram início à dinastia tucana na política joseense -- o partido venceu seis das últimas sete eleições. Emanuel, em seu discurso, afirmou que a base construída desde a década de 1990 está se "deteriorando" e destacou que "mesmo que seja o último lutador, não passarão sem me derrubar".

"Eu tenho muito a perder, muito a perder, essa base que nós construímos, na minha opinião, está sendo deteriorada, e isso é a minha vida em São José, saí do Inpe e vim para cá para ajudar a construir isso. E mesmo que eu seja o último lutador, não passarão sem me derrubar. Podem contar comigo e vamos para a vitória", afirmou o ex-prefeito, que a OVALE descartou a hipótese de ser candidato a vice.

"Não [ser candidato a vice], tudo o que eu falei para a construção de uma base sólida, venho hoje como um velho militante, que já foi prefeito. Mas eu digo uma coisa: eu vou trabalhar mais do que se eu fosse candidato a alguma coisa, pode ter certeza", disse ele, que apoia o nome de Cury para a disputa nas urnas.

Pesquisa OVALE/Sampi/Ágili Pesquisas de maio do ano passado mostrou Cury liderando as intenções de voto para prefeito de São José, com 26,73% em um dos cenários testados na pesquisa estimulada. Anderson apareceu com 13,37%.

Em seu discurso, Emanuel falou sobre a importância de "reconstruir a base". "Temos o espírito de agregar mais pessoas [novos filiados]. É obvio, que pessoas que “comem o bife escondido”, não vai entrar (sic). Se comer bife “claro” (de forma aberta e não escondida, quer dizer), pode vir à vontade. Comer bife escondido nunca mais. Eu não estou me referindo a ninguém, não. (risos) Verdade. Eu estou querendo dizer, é que muitas gente finge que ajuda, e eu sempre falava, quem come bife escondido acha que as pessoas não vão olhar. O que aqui vale é a dedicação, o esforço e o talento", afirmou.

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DINASTIA.

Emanuel foi prefeito entre 1997 e 2004, sendo sucedido por Cury, que permaneceu no cargo entre 2005 e 2012. Na sequência, o PSDB indicou Alexandre Blaco, enteado de Emanuel, para o confronto com Carlinhos Almeida (PT) em 2012, que acabou com a vitória do candidato de esquerda, quebrando a hegemonia recente dos tucanos.

Com apoio de Emanuel e Cury, Felicio foi candidato em 2016 e venceu Carlinhos, devolvendo a administração da cidade para o PSDB. Quatro anos depois, em uma chapa pura, tendo Anderson como vice e novamente com o apoio dos caciques do partido, Felicio venceu pela segunda vez.

No entanto, em 2022, Felicio e Anderson, acompanhados por centenas de outros quadros, decidiram migrar para o PSD de Gilberto Kassab -- com a medida, Felicio renunciou à prefeitura, dando lugar a Anderson, e foi eleito vice-governador na chapa encabeçada por Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O movimento levou centenas de tucanos de São José e da região para o PSD – ao menos 11 prefeitos e prefeitas do Vale eleitos pelo PSDB mudaram para a legenda de Felicio e Anderson, que defendem que "não saíram do PSDB, o PSDB é que saiu deles".

Em entrevistas, Felicio e Anderson evitam embates contra os ex-aliados. Em entrevista a OVALE, Felicio chegou a dizer que "Cury e Emanuel fazem parte do time" e que gostaria de vê-los no PSD.

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*Com reportagem de Marcelo Rocha