
Eles entravam em campo durante o banho de sol, por duas horas diariamente, e ocupavam o terreno de terra batida, de 60m por 15m, nos fundos do presídio.
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Nos campeonatos internos, um dos times tinha uniforme completo e contava com jogadores como Janken, ex-atleta da base do São Paulo, e Lindemberg Alves, condenado a 39 anos por manter refém e assassinar a ex-namorada Eloá Pimentel, em 2008.
Corria o ano de 2012 e a ‘estrela’ da equipe era Fabinho Fontes, ex-jogador do Corinthians, condenado por suposto ato libidinoso (abuso sexual) contra uma menina de 5 anos – ele sempre negou a acusação. Além do Timão, Fabinho já apareceu em treino do Taubaté, nos anos de 1990.
METRALHAS.
Em entrevista para o portal Cada Minuto, Fabinho contou que vestiu a camisa 47 da equipe da P-2, número que envergava no máster dos ‘Metralhas’.
O uniforme completo tinha sido um presente de Gino, ex-zagueiro e outra cria do terrão do Corinthians. Ele era dono de uma confecção de material esportivo e dizia que o amigo não estava preso, mas “concentrado”.
Naquela época, o time da P-2 quase ganhou outro atleta de peso, que já havia vestido a camisa amarela da Seleção Brasileira e disputado uma Copa do Mundo.
O centroavante Viola, ex-Corinthians e ex-Santos, foi detido durante quatro dias em outubro de 2012 por porte ilegal de arma. Mas ele acabou não indo reforçar o time dos Metralhas em Tremembé.
ROBINHO.
OVALE apurou que a equipe não existe mais formalmente. Mas quem sabe ela não possa ser retomada com a chegada do ex-jogador Robinho à unidade.
Robinho vai cumprir pena de nove anos de prisão, em regime fechado, pelo crime de estupro coletivo de uma mulher albanesa, cometido em 2013 em Milão, na Itália. Ele chegou na P-2 em Tremembé na madrugada desta sexta-feira (22).
No entanto, a vida não deve ser fácil para o ex-atacante do Santos e do Milan na P-2. Além do período de adaptação, quando o cárcere se torna dolorosamente real, OVALE apurou que os presos têm certo “ritual de hostilidade” com alguns criminosos, especialmente os que atacam crianças e mulheres.
Por ter sido condenado por estupro, Robinho pode ser alvo dessa antipatia. Alexandre Nardoni, por exemplo, teria sido recebido na P-2 ao coro de “Para, pai!”, em alusão às últimas palavras da filha Isabella Nardoni, quando ela tinha 5 anos e foi morta pelos pais.
JOGO DURO.
Segundo a matéria do Cada Minuto, Fabinho teria sido “açoitado” por meses na penitenciária.
“Aqui você não pode relar em ninguém. Há disciplina. Se agredir verbalmente, é castigo [solitária]. Mas o futebol é a chance de descontar a bronca. Cotovelada, soco, chute por trás... Todo mundo tirava uma casquinha. Apanhei bastante”, contou Fabinho na época, o ex-meia tem agora 50 anos.
Ele afirmou também que o fato de ter jogado no Corinthians trouxe vantagens no cárcere. “Ter sido ex-jogador do Corinthians me ajuda demais. Só tem corintiano aqui”, disse na ocasião. “Se eu fosse palmeirense, minha situação estaria muito pior”.
A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) informou que Fabinho esteve custodiado na P-2 de Tremembé de 2012 a 2017.
"A prática de esportes, como o futebol, é uma atividade comum entre a população carcerária, sendo que a organização é de responsabilidade dos interessados, observando as regras internas da área de segurança", disse a pasta.
Resta saber se o santista Robinho terá que passar pelo mesmo calvário do ex-atleta da P-2, e se o time ‘Os Metralhas’ vai se reerguer do pó da terra batida do campo de futebol da penitenciária, com a 'convocação' do homem da pedalada.