Quando falamos de estilo pessoal, imagem, look do dia etc., falamos sobre personalidade, sobre rotina, sobre hábito, sobre expressão. Falamos sobre ousar, sobre descobertas, sobre significado. Falamos sobre autoestima e autoconhecimento. E que especial falar sobre isso na semana do dia das mulheres. Será mesmo?
O Dia Internacional da Mulher é uma data que foi oficializada pela Organização das Nações Unidas na década de 1970. Ela simboliza a luta histórica das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens. Inicialmente, essa data remetia à reivindicação por igualdade salarial, mas, atualmente vai além, simboliza a luta das mulheres não apenas contra a desigualdade salarial, mas também contra o machismo e a violência.
Mas, desde a oficialização da data até hoje, é comum escutarmos que nosso estilo, nossa imagem, nossas roupas podem ser motivo ao convite do machismo e da violência - uma objetificação do corpo feminino que permanece e se amplia.
Ainda ressoa em minha cabeça uma pesquisa do IPEA sobre “Tolerância Social à Violência contra as Mulheres”. O estudo revelou que 58% dos entrevistados concordaram, total ou parcialmente, que “se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros” e que mais de 40% das pessoas também concordaram, no todo ou em parte, que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”.
De lá pra cá, esses números pouco sofreram alteração, ficando evidente que a maioria das pessoas continua a culpabilizar a vítima da violência sexual, seja pela roupa “provocante”, seja por não se comportar adequadamente. Sem dúvida um grande alerta a ser levantado.
“As condições sociais da mulher e suas lutas estiveram representadas na indumentária e no vestuário. Por muito tempo as roupas femininas foram usadas como ferramenta de controle social e exibicionismo masculino. Enquanto os homens faziam uso de vestimentas que possibilitavam que seus movimentos fossem livres, as mulheres eram limitadas ao desconforto e a impossibilidades. Uma das peças femininas mais conhecidas e discutidas da indumentária por seu poder de imobilizar a mulher foi o espartilho. A dificultosa e apertada estrutura dos espartilhos, favoreciam os maridos a realizarem amarrações que os permitissem detectar possíveis traições” (citação de Sueli Garcia, texto de 2011).
Seria nossa roupa um álibi? O não a essa resposta é fácil de dizer em alto e bom som pra mim, para algumas de vocês, mas infelizmente não é para todas. Percebo isso através das interações que tenho através das redes – também junto à clientes e alunas do Estilize-se – e reforço o titulo dessa coluna, “o que vestimos não é um convite”
O que vestimos é, sim, parte importante da nossa comunicação não verbal, diz muito sobre nós. Através dela é possível revelarmos nossa identidade pessoal e profissional, evidenciarmos o simbolismo de uma geração, o espirito do tempo, a transparência de nosso lugar sociocultural. Mas não é um convite!
A pergunta que quero deixar finalizando esse texto, é o quanto cada uma de nós fazemos nossa parte reforçando esse coro de que nossa roupa não é um convite? O quanto ainda consciente ou inconscientemente (sendo bem boazinha aqui) apontamos dedos e tecemos comentários a outras mulheres baseado na roupa que ela usa? Para refletirmos!!