SENTENÇA

Justiça nega ação da oposição que contestava aprovação de projeto sobre dívida com IPSM

Decisão contraria entendimento do Ministério Público, que apontou que como projeto do prefeito recebeu apenas 10 dos 21 votos possíveis, deveria ter sido considerado rejeitado

Por Julio Codazzi | 28/02/2024 | Tempo de leitura: 3 min
São José dos Campos

Charles de Moura/PMSJC

Sede do IPSM (Instituto de Previdência do Servidor Municipal)
Sede do IPSM (Instituto de Previdência do Servidor Municipal)

Contrariando entendimento do Ministério Público, a Justiça negou duas ações da oposição que contestavam a aprovação do projeto que autorizou a Prefeitura de São José dos Campos a parcelar em cinco anos a dívida de R$ 320,368 milhões referente a aportes não efetuados ao IPSM (Instituto de Previdência do Servidor Municipal).

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As decisões foram expedidas nessa quarta-feira (28) pelo juiz Silvio José Pinheiro dos Santos, da 1ª Vara da Fazenda Pública.

O magistrado considerou como correta a decisão da Mesa Diretora da Câmara de declarar o projeto aprovado. Além disso, o juiz apontou que, como a proposta já havia sido sancionada, as ações movidas pela oposição haviam perdido o objeto.

PROCESSOS.
O projeto foi declarado aprovado pela Mesa Diretora da Câmara na sessão do dia 14 de dezembro, após receber 10 votos a favor, nove contra e duas abstenções. No entanto, quatro vereadores da oposição - Amélia Naomi (PT), Dr. José Claudio (PSDB), Dulce Rita (PSDB) e Juliana Fraga (PT) - decidiram contestar o resultado na Justiça. Os parlamentares argumentavam que, como estavam presentes os 21 vereadores, a maioria simples só seria alcançada com 11 votos a favor.

Em manifestação à Justiça, a promotora Ana Cristina Ioriatti Chami concordou com o argumento dos vereadores da oposição. "A presença do vereador é computada para efeitos de quórum, tanto aquele necessário ao início da sessão, quanto aquele mínimo para aprovação dos projetos", afirmou a promotora, que concluiu que a aprovação do projeto "não conta com respaldo legal e se revela abusivo".

Ao negar as ações, porém, o juiz apontou que "o entendimento do próprio Congresso Nacional" é de que a abstenção não deve ser computada para o cálculo da maioria simples. "Desconsiderando as abstenções, pode-se considerar que o projeto de lei ora questionado foi aprovado por maioria simples dos presentes", conclui o magistrado.

REPERCUSSÃO.
Uma das ações havia sido protocolada pela dupla tucana Dr. José Claudio e Dulce Rita. E a outra pelas vereadoras petistas Amélia Naomi e Juliana Fraga.

Dulce afirmou que pretende analisar eventual recurso. "Vamos estudar um eventual recurso, pois a decisão judicial contrariou o parecer do MP que atuou no processo como fiscal da lei. O parecer do MP, inclusive, cita um julgamento do Superior Tribunal de Justiça que reconhece que nesses casos não há perda do objeto".

José Claudio lamentou a decisão da Justiça. "Maioria de 21, tem que ser 11. Quando o vereador está ausente, o voto dele não é contado. Mas quando está presente e se absteve, é porque não votou no projeto. A interpretação [da Justiça] é errada".

Amélia e Juliana não haviam se manifestado até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto.

Já a Câmara havia alegado anteriormente que, na sessão de 14 de dezembro, a "Assessoria Jurídica" apontou que "o procedimento adotado em plenário, nesta votação, estava coberto pelo regimento interno".

DÍVIDA.
Os R$ 320,368 milhões deixaram de ser repassados ao IPSM entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, e entre setembro e dezembro de 2023, período que engloba desde a gestão do ex-prefeito Felicio Ramuth (PSD), que deixou o cargo no início de abril de 2022 e é o atual vice-governador de São Paulo, até o governo do atual prefeito, Anderson Farias (PSD).

De autoria de Anderson, o projeto considerado aprovado pela Câmara em dezembro foi sancionado pelo prefeito no dia seguinte e já resultou na assinatura de acordo entre Prefeitura e IPSM, em janeiro. Ou seja, caso a Justiça aceitasse a ação dos vereadores da oposição, o acordo poderia ser inviabilizado.

No total, a Prefeitura deixou de realizar aportes ao IPSM entre janeiro de 2021 e dezembro de 2023. A primeira parte da dívida, referente ao período de janeiro de 2021 a outubro do mesmo ano, somou R$ 165,9 milhões e deve ser parcelada em 20 anos - esse primeiro acordo ainda depende de homologação por parte do Ministério da Previdência Social.

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