Um sonho de cada vez, e um milagre acontecendo.
É assim que o casal Gabrielly Miguel, 25 anos, e Douglas Martins, 33 anos, encara a vida em 2024 após passar por sete anos juntos na drogadição e quase que totalmente em situação de rua.
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Quem os visse há um ano, quando ainda usavam drogas e viviam na rua, não acreditaria que, nesta sexta-feira (1º), eles serão uma das principais atrações da 5° edição do Tem Trans Aqui, às 18h, no espaço cultural Cine Santana, em São José dos Campos.
Também nem imaginaria que Gabrielly e Douglas chegassem a 2,2 milhões de seguidores nas redes sociais, deixando a vida das ruas para virarem empresários e cheios de sonhos e projetos para o futuro.
“Nós somos um milagre. O ser humano tem salvação. Agora tenho oportunidade de fazer e estou cada vez mais amando a minha vida. Estou no processo de recuperação”, disse Douglas em entrevista ao podcast “A política de tudo”.
A história desse casal é inspiradora e quase um conto de fadas, depois de os dois terem descido ao inferno do vício, da prostituição e do abandono.
FALTA DE TRABALHO.
Sem trabalho regular, Douglas ganhou um celular para usar em entregas que fazia. Ele e Gabrielly viviam em uma barraca, em Santos. Então, começaram a fazer vídeos mostrando a organização e a limpeza do espaço.
Um deles chegou a 35 milhões de visualizações e ainda mostrava Gabrielly sem dentes, com a pele descascada e Douglas também desgastado pela vida insana nas ruas.
Em pouco tempo, eles foram ganhando cada vez mais seguidores – perfil chegou a 1 milhão – e a oportunidade de mudar de vida aconteceu. Eles foram morar em uma casa e começaram a trabalhar: Douglas como entregador e Gabrielly como cabeleireira.
“Tenho uma responsabilidade com os seguidores. Queremos começar a gravar vídeos e contar a nossa história. Quero entregar o melhor. É o meu começo. Não tenho experiência e vamos ter que aprender”, disse Gabrielly ao podcast.
PROJETOS.
Atualmente, o casal tem uma assessoria que os ajuda, além de ter aberto um salão de beleza em São José dos Campos. Douglas planeja abrir uma barbearia em São Vicente, no Litoral Sul, e nutre o sonho de montar um centro de reabilitação para dependentes químicos.
“O começo foi muito difícil a gente ficar sem a droga. Depois que aconteceu, não tenho tempo mais para usar drogas. Temos equipe de assessoria que nos ajuda. Não temos mais tempo e abrimos estúdio em São José. Ganhei bastante patrocínio e queria ter uma fonte de renda. Minha irmã faz unha, prima faz sobrancelha e queria que elas pudessem trabalhar. Cada morador de rua que você parar, tem 10 livros para escrever”, afirmou Gabrielly, que já comeu restos de comida retirados do lixo.
“Tenho projeto que levo comigo, e que Deus vai me ajudar, que é montar uma ressocialização para pessoas envolvidas com álcool e drogas, com clínica e casa de recuperação. Terei contato com empresas para ter trabalho a essas pessoas. Sei como funcionam todos os sistemas de tratamento. Tem que tratar a pessoa, a família e o financeiro, porque eu roubava muito dentro de casa”, disse Douglas, que diz ter sido internado 97 vezes na vida.
“Nunca tive vontade de sair das drogas. Eu tinha dois amores: a droga e a Gabrielly. Tive que escolher um desses amores. Ou matava a droga ou me separava da Gabrielly. Eu ceguei a beber álcool de posto de combustível. Aí me perguntei: ‘Vou ficar com amor que não me ama ou um que me ajuda a levantar’”, contou Douglas.
Ele e a companheira estão sem usar drogas há um ano e cheios de planos para o futuro.
“Gratificante saber hoje o quanto a gente evoluiu. Temos que agradecer a Deus, e nada aconteceria se não fosse ele”, disse Douglas.
“Não tenho vergonha do meu passado, mas agora é daqui para frente. Estamos vivendo algo que nunca passamos na vida”, completou Gabrielly.