
Por onde anda Edílson Pereira de Carvalho?
Alvo da ira de torcedores, chamado de 'ladrão' nas arquibancadas, o ex-árbitro da Fifa é pivô do maior escândalo da história da arbitragem brasileira, conhecido como “Máfia do Apito”, que levou à anulação de 11 partidas do Campeonato Brasileiro de 2005, apitadas por ele numa era pré-VAR.
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OVALE descobriu o paradeiro do ex-árbitro, que chegou a sair de camburão de sua casa em Jacareí, na época do escândalo, para nunca mais retornar ao futebol. Futebol que hoje acompanha apenas pela televisão – Edilson evita expor-se a ambientes do futebol, mantendo-se longe dos holofotes, especialmente os dos estádios.
Aos 61 anos, Edílson nasceu em Jacareí e hoje vive recluso em Taubaté, cidade em que encontrou um novo amor após os anos de tormenta, que incluiram o divórcio com a primeira esposa. Ele tem um relacionamento amoroso com uma professora universitária. Ao lado dela, Edilson cultiva a espiritualidade e a religião, e vive longe do futebol.
O casal faz viagens para diversos destinos da região, como praias e o Santuário Nacional, momentos românticos e de fé que aparecem em poucas fotos nas redes sociais da mulher. Edílson também se afastou da internet.
Procurado pela reportagem, o ex-árbitro não quis falar sobre o presente e o futuro, muito menos o passado. “Não participo mais de entrevistas”, disse ele, lacônico.
MÁFIA DO APITO
O escândalo de 2005 está num passado que Edílson quer ver cada vez mais enterrado, como um time depois de sofrer uma goleada homérica.
De acordo com reportagens publicadas em Veja e depois Placar, um grupo de investidores havia “negociado” com Edílson, na época integrante do quadro da FIFA, para manipular resultados de partidas em que havia apostado em sites, com lucros milionários. Descobriu-se ainda a participação de um segundo árbitro no esquema, Paulo José Danelon.
Edilson e Danelon foram banidos do futebol e denunciados pelo Ministério Público por estelionato, formação de quadrilha e falsidade ideológica.
A ação penal foi suspensa em 2007 por ordem do desembargador Fernando Miranda, do Tribunal de Justiça de São Paulo. Em agosto de 2009, o mesmo desembargador e outros dois colegas determinaram o "trancamento" da ação penal, entendendo que os fatos apurados não traduziam crime de estelionato.
CARTÃO VERMELHO.
Meses depois do escândalo, em março de 2006, Edílson lança o livro “Cartão Vermelho”, no qual conta sua versão dos fatos. Ele fala sobre os motivos que o levaram a participar do esquema de apostas pela internet, do deslize e do drama que viveu, cujas sequelas o acompanharão por toda a vida.
Na obra, ele diz que “pagou pelo que não fez”, ou seja, não manipulou os jogos do Brasileirão, não tendo influência no resultado das partidas. Na versão, ele diz que simplesmente se beneficiou doe esquema, muitas vezes contando com a própria sorte. Ou seja, teria enganado os que queiram a fraude.
“Vocês podem pegar as fitas dos 11 jogos que eu apitei. Eu faço questão que analisem atentamente e percebam o que eu fiz”, disse ele na época do lançamento do livro.
Edílson foi condenado numa ação de danos morais movida pela FPF (Federação Paulista de Futebol), sua antiga contratante, em outubro de 2005. Dois anos depois, em 2007, o ex-árbitro foi condenado a pagar R$ 35 mil a título de indenização à FPF. Não pagou. Com os acréscimos, a dívida estava beirando meio milhão de reais até maio de 2023.