QUAL A DIREÇÃO?

Navegar é preciso. E viver, não é preciso?

Na coluna desta semana, o editor-chefe de OVALE conta a história que tem como norte o amor de uma jovem bússola por um GPS. Qual é o rumo desse romance?

13/01/2024 | Tempo de leitura: 2 min

Navegar é preciso.
Viver não é preciso.

Do latim navigare necesse; vivere non est necesse, a frase que é atribuída a Pompeu, general romano (106-48 aC.), foi direcionada a amedrontados marinheiros, que se recusavam a desbravar os riscos dos mares indomáveis, em meio ao risco de ataques piratas, violentas batalhas e à ira colérica de Netuno. Porém, como narra o historiador Plutarco, em seu épico discurso, o general convenceu seus homens de que era preciso salvar Roma, desafiar as tão traiçoeiras águas do Mediterrâneo e transportar trigo para a capital do Império. Por isso, navegar era preciso, viver não.

A frase, banhada séculos depois pelo mar salgado da poesia lusitana, de Luís de Camões (1524 - 1580) e Fernando Pessoa (1888 - 1935), está ancorada no peito de Brújula, apelidada pelos amigos de Bru, aquela doce e jovem bússola que, iluminada à luz da vela latina, singra os seus passos com coragem, leveza e determinação,  tendo por norte o perfume primaveril soprado feito brisa no jardim de rosas dos ventos.

Além dos pontos cardeais, das aulas na Faculdade de Geografia e dos faroleiros olhos de sua avó, Bru se guia hoje pela força magnética da paixão -- capaz de girar a sua cabeça de 0º a 360º, rapidamente, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, em um zás-trás.

Paixão por quem?

A bússola se encantou durante uma aula de direção na auto-escola. Especialista em TI, Gabriel Prado Silveira, o GPS, mudou-se para o povoado na última estação, um tanto achado e perdido, depois de um período ilhado dentro de seu apartamento, durante a pandemia, vindo da metrópole.

GPS se apaixonou pela analógica sede de viver da bússola. Era a vela que procurava. Por sua vez, Bru encontrou seu porto seguro. Hoje, navegam juntos em oceanos de 5G. Aviso aos navegantes!

Na boca de (astro)lábios que se tocam, em um beijo estalado neste espaço estrelado entre corpos apaixonadamente celestes, sopra o vento das grandes navegações.

Qual é a direção? E o sentido?

Aos navegantes mais atentos, a seta (do cupido), como um farol de flechas e luz, indica o mapa do tesouro maior, mais valioso que o ouro. Mesmo em tempos de GPS, o coração é bússola. Afinal, amar é preciso. Viver não é preciso.

O coração é bússola. E GPS.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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