SÃO JOSÉ

'Queremos enterrá-lo com dignidade', pede família de Décio, desaparecido há um ano

Por Lara Salles | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação
Dias antes de seu desaparecimento, Décio havia ganhado uma bolsa de estudos de 100% para um cursinho preparatório de medicina
Dias antes de seu desaparecimento, Décio havia ganhado uma bolsa de estudos de 100% para um cursinho preparatório de medicina

Onde está Décio?
Essa é a pergunta que inquieta e atormenta o coração de uma família de São José dos Campos desde a noite de 18 de janeiro de 2023. Foi nesta data que Décio de Castro Santos, um jovem de 24 anos, que sonhava ser médico, saiu e não voltou mais. Após mais de 300 dias sem notícias, a família afirma que já não tem esperança de encontrá-lo vivo, mas quer enterrá-lo com dignidade.

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“Agora entregamos nas mãos de Deus, eu não acredito mais que ele esteja vivo, a gente só quer encontrar o corpo para enterrá-lo de forma digna, porque a mãe dele está sofrendo, já tem um ano praticamente que ela não sabe do filho. É angustiante, queremos saber o que realmente aconteceu”, falou a irmã de Décio, que preferiu não se identificar.

O jovem lutou contra a depressão há mais de três anos. Neste meio tempo, de acordo com a família, ele já havia tentado suicídio. Semanalmente, o jovem recebia tratamento psicológico em uma unidade do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) de São José.

A OVALE, a irmã destacou também que dias antes de seu desaparecimento, ele havia ganhado uma bolsa de estudos de 100% para um cursinho preparatório de medicina. Ser médico sempre foi o seu grande sonho.

O QUE ACONTECEU NO DIA 18?

Segundo a mãe de Décio, que também preferiu não se identificar, no dia 18 de janeiro de 2023 ela foi trabalhar e durante o expediente recebeu diversas ligações do filho.

À noite, ao voltar para casa, não encontrou o jovem. Até onde ela sabe, ele havia saído apenas com a roupa do corpo e o celular. A mãe também notou que antes de sair Décio havia feito uma transferência bancária e tentou localizá-lo, mas sem sucesso.

Como o filho saía com frequência, ela decidiu ir dormir. Por volta de 1h, acordou e notou no celular uma ligação perdida de Décio, feita duas horas antes. Ao retornar, caixa postal.

WHATSAPP.

Indignadas com a falta de informações sobre o caso, a mãe e a irmã de Décio começaram a buscar respostas por conta própria. A família encontrou mensagens no WhatsApp Web dele, que mostram que o jovem encontrou um casal no dia que desapareceu.

“A gente descobriu entrando no WhatsApp que ele deixou aberto no computador que tinha uma conversa dele com uma amiga. O que sabemos é que no dia 18 ele foi ao encontro dessa amiga e do namorado dela em um bairro, depois os três foram para um outro bairro de São José onde foram realizadas, até a manhã do dia seguinte, várias transferências bancárias da conta do Décio para esse casal e, logo depois, foi solicitado o encerramento da conta”, comentou a irmã, acrescentando que o casal chegou a ser ouvido pela polícia.

“O casal prestou depoimento à polícia e confirmou que o Décio encontrou com eles, mas disse que depois ele foi embora de carro. Nós não acreditamos que ele tenha ido embora assim do nada sem falar com a gente, o Décio era muito apegado à família”, concluiu a irmã.

PERDIDO NA CRACOLÂNDIA? CHIP NA BAHIA?

Foram meses com várias informações que vieram à tona durante o desdobramento do processo, uma delas foi de que o celular do estudante estava nas 'redondezas da Cracolândia' e que ele também estaria por lá.

Sobre essa informação, a mãe conta que chegou a ir até São Paulo, mas que não encontrou o filho.

“Eu fui pessoalmente na Cracolândia, falaram inclusive que tinha um menino parecido com ele lá, mas no final não era o meu filho. O que acreditamos e a polícia também é que ele não saiu de São José dos Campos”, relatou.

Outra informação que a família também recebeu foi de que o CPF de Décio havia sido cadastrado em uma linha telefônica em Itabuna, município ao sul do estado da Bahia.

“Eu fui até a operadora para saber se tinha dívidas no nome dele e lá fiquei sabendo que cadastraram o CPF de Décio em um novo número de telefone. O que fui informada pela operadora é que o cadastro estava incompleto e que não havia sido realizado pessoalmente. Cheguei até a ligar para esse número e a pessoa informou que era de Santa Catarina e que nunca tinha escutado falar do Décio. A polícia de São José disse que entraria em contato com os agentes da Bahia, mas ainda não tivemos retorno sobre isso”, disse.

INFORMAÇÕES.

Quem tiver informações sobre o paradeiro de Décio pode ligar para o 190.

COMBATE AO SUICÍDIO

O CVV– Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias. O telefone é 188 e o site é o www.cvv.org.br.

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