POLITICANDO

Saud trucou. Ainda dá tempo para recuperação?

Em busca de choque de gestão, prefeito de Taubaté mudou de partido e fez reforma no secretariado. Mas pacote parece ser insuficiente para reverter a imagem desgastada

Por Julio Codazzi | 05/01/2024 | Tempo de leitura: 2 min

Divulgação/CMT

Palácio do Bom Conselho, sede da Prefeitura de Taubaté
Palácio do Bom Conselho, sede da Prefeitura de Taubaté

Na versão oficial, um choque de gestão, com "o objetivo de realinhar o governo com vistas a 2024". Nos bastidores, um ato de desespero, uma última tentativa afobada de recuperar a imagem de um prefeito desgastado que buscará uma improvável reeleição em outubro desse ano.

Na prática, essas duas leituras dizem a mesma coisa - mas com palavras diferentes - sobre a dança do secretariado promovida por José Saud. Desde dezembro, o prefeito de Taubaté substituiu titulares de oito pastas: de Educação, de Ação Social, de Governo, de Finanças, de Obras, de Serviços Públicos, de Desenvolvimento, Inovação e Turismo e de Saúde.

A coluna apurou que essa troca em massa foi sugerida por marqueteiros contratados por Saud como uma aposta para tentar reverter o fraco desempenho do prefeito nas pesquisas e sondagens para a eleição de 2024. Nas entrelinhas, a ideia é terceirizar aos antigos secretários a culpa pelos problemas acumulados desde o início do governo. Até a mudança do MDB para o PP faria parte dessa nova roupagem. Vai colar? Difícil.

Em primeiro lugar, as trocas em pastas não são novidade no governo Saud. Entre junho e julho de 2023, por exemplo, já haviam sido cinco mudanças. Além disso, das 19 secretarias que a Prefeitura teve ao longo dessa gestão (hoje são 18), apenas cinco mantêm os primeiros nomeados de 2021: Administração, Gabinete, Meio Ambiente, Planejamento e Segurança.

Para quem acompanha os bastidores do governo, o problema do secretariado seria outro. A origem estaria na Torre de Babel criada por Saud ao lotear as pastas ainda na eleição de 2020, em troca de apoio no segundo turno. Partidos e lideranças políticas herdaram secretarias 'de porteira fechada', e fazem o que bem entendem com elas. E aí residiria o principal entrave: não há uma coordenação entre as diversas áreas da Prefeitura.

Além disso, todas as pastas têm sofrido com um mesmo problema: a crise financeira provocada pelo inchaço na folha de pagamento, que passou a custar R$ 200 milhões a mais por ano após a reforma administrativa desencadeada pelo prefeito em 2021. Não tem como culpar os secretários por isso.

Para deixar ainda mais nebuloso o horizonte de Saud, esse desequilíbrio nas finanças prejudicou serviços que afetam diretamente a população, como o atendimento na saúde, a limpeza urbana e o programa municipal de transferência de renda.

Desde que a reeleição se tornou possível, os dois prefeitos que passaram pelo Palácio do Bom Conselho – Roberto Peixoto e Ortiz Junior - ficaram oito anos por lá. Se quiser um segundo mandato, Saud vai precisar fazer muito mais do que uma dança das cadeiras com o secretariado. Mas talvez a mudança de rumo tenha começado tarde demais.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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1 COMENTÁRIOS

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  • Jeferson
    09/01/2024
    Codazzi, seria interessante fazer esse mesmo tipo de raio-x em Jacareí também. Aliás, fica a dica para as próximas eleições. O promessômetro também para Jacareí.