Em um vídeo publicado nas redes sociais, a médica veterinária Mariana Tenório relatou ter sido dopada por um motorista de aplicativo durante uma corrida realizada entre o seu local de trabalho, no bairro Vila Ema, e a sua casa, no bairro Jardim Aquários. O caso aconteceu na noite de segunda-feira (18), em São José dos Campos.
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De acordo com Mariana, ao entrar no veículo o motorista ofereceu produtos para que ela cheirasse. “Ele me abordou em uma conversa normal e me perguntou se eu já tinha comprado os presentes de Natal. Eu disse que não, que não tive tempo ainda, que não fui ao shopping e que achava que iria na semana que vem. Foi então que ele disse que trabalhava com aromatizadores, com velas aromatizadas e me deu a tampa de uma vela para eu cheirar e disse ‘olha como fixa”, comentou, acrescentando que logo depois de cheirar os produtos começou a perder os sentidos.
“Eu cheirei, depois ele me deu outra vela que era em um potinho bem pequenininho, falando que não era de parafina que era feita no óleo de coco, porque ele já sabia que algumas pessoas têm alergia a parafina, e eu estava realmente cheirando. A vela tinha um aroma de café. Então ele comentou sobre um aromatizador de carro e espirrou, não na minha direção, mas dentro do veículo. Depois que eu cheirei a vela e esse aromatizador, em dois minutos eu comecei a me sentir muito grogue, com muito sono, meu braço adormeceu e minha perna também, comecei a ver que eu estava apagando”, disse.
Nervosa com a situação, Mariana pediu então que o motorista parasse na porta de uma igreja que fica no caminho de sua casa. “Comecei a falar ‘para agora que eu quero descer, meu marido está me esperando na porta da igreja’ e ele parou. Eu comecei a tentar abrir a porta, o pino já estava de um jeito que estava travado, sorte que o vidro estava aberto, então eu coloquei a minha mão por fora para abrir a porta, mas não abriu e comecei a empurrar com muita força na frente da igreja. Acho que ele deve ter ficado um pouco assustado porque alguém ia ouvir eu batendo e ele abriu. Eu desci correndo fui para igreja, lavei as mãos, o rosto e tomei bastante água”, contou.
Mariana contou para os presentes na igreja o que estava acontecendo e ficou no local até que seu marido chegasse. “No dia seguinte fui até a delegacia, registrei um boletim de ocorrência e realizei exames, segundo a médica a suspeita é que a substância que inalei seja uma droga chamada clorofórmio, que ceda muito rápido. Depois que isso aconteceu e postei nas redes sociais, recebi o relato de outras duas meninas que passaram pela mesma situação com o mesmo motorista. Só que no caso delas, uma não chegou a cheirar o produto e a outra o destino era mais próximo e não precisou descer antes, mas também disse ter passado mal”, falou.
Mariana informou que o caso já está sendo investigado pela Polícia Civil. Ela denunciou o motorista para a empresa responsável e que contratou um advogado para acompanhar o caso.
"Eu andava com esse aplicativo há anos e agora estou com medo, não sei quando vou voltar a usar. Minha prima também passou por uma situação parecida com essa só que em São Paulo. O motorista deu uma máscara para ela cheirar depois de espirrar um spray e ela pulou do carro em movimento após começar a sentir tontura, formigamento e queda de pressão. Ela disse que no caso dela o motorista não estava com máscara, mas amigas dela já passaram por situações como essa em que o condutor estava com duas máscaras, com o vidro aberto e com o ar na nossa direção, por isso não acontecia nada com eles", completou Mariana.
A reportagem de OVALE entrou em contato com a Uber que informou que: "Até onde temos conhecimento, todas as denúncias sobre o chamado "golpe do cheiro" relativas a viagens no aplicativo da Uber que já tiveram a investigação concluída pela Polícia Civil, foram arquivadas, já que, de acordo com as investigações, não houve a identificação de elementos que comprovem o uso de quaisquer substâncias com o propósito de dopagem ou com o indiciamento do suposto motorista agressor", disse um trecho da nota.
"A Uber inclusive participou de uma mesa de discussão sobre o tema com especialistas, debatendo o aumento da sensação de insegurança das mulheres criada pela reverberação de denúncias, muitas surgidas nas redes sociais e até repercutidas pela imprensa sem o acompanhamento sobre a condução dos inquéritos e a ausência de elementos de prática de crime", finalizou o comunicado.
Questionada se o motorista do aplicativo foi identificado e se o caso está sendo analisado, a empresa não respondeu.
Veja vídeo: