Uma mansão de estilo colonial localizada na Praia da Feiticeira, em Ilhabela, está no epicentro da disputa entre herdeiros do empresário Ivo Noal, que morreu aos 88 anos em 12 de novembro deste ano. O imóvel é avaliado em R$ 21,9 milhões.
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Até os anos 2000, Noal era conhecido como o “maior bicheiro do estado de São Paulo”, com um patrimônio estimado naquela época em R$ 561 milhões, em torno de R$ 2,46 bilhões em valores corrigidos.
Investigadores da época listavam mais de 70 propriedades, entre casas, prédios e fazendas, além de uma empresa de aviação e helicópteros, uma fábrica de utensílios domésticos e outros bens.
Noal morreu acumulando em torno de R$ 21,2 milhões em dívidas e enfrentando processos judiciais milionários, mas a dimensão do seu patrimônio é desconhecida. A família está em litígio por seu espólio, incluindo a mansão no Litoral Norte.
MANSÃO
A casa de estilo colonial em Ilhabela tem 11 quartos, piscina e está localizada em um terreno de 42 mil metros quadrados na Praia da Feiticeira. O imóvel foi adquirido por Noal há 38 anos.
Trata-se de um dos bens mais valiosos do espólio do empresário e que vai a leilão online na próxima sexta-feira (15) até 9 de fevereiro de 2024. Já há oito interessados cadastrados no site do leiloeiro.
O imóvel será vendido como cumprimento de uma decisão judicial, em parte fruto de ação de 10 anos atrás dos advogados Oswaldo Segamarchi Neto e Manoel Manzano Júnior, para o pagamento de pensão alimentícia a João Vitor Delgado Noal, neto de Ivo Noal.
“Houve um decreto de prisão por falta de pagamento alimentício contra Ivo Noal Filho, e em virtude disso o advogado da época pediu para que o avô, Ivo Noal, fosse o responsável pelos alimentos”, disse Segamarchi à revista Piauí. “O senhor Ivo Noal assinou um termo que é válido até hoje para que ele assumisse essa responsabilidade junto com o filho”.
Segundo os defensores, João Vitor ficou sem receber pensão durante cinco anos. Em 2021, para evitar que a “joia da coroa” fosse leiloada, uma parte da dívida foi quitada em R$ 750 mil. Restam R$ 612,2 mil em débitos.
“Quando vimos que o imóvel não estava em nome de Ivo Noal, a gente foi atrás para ver onde foi passada essa escritura. Ivo Noal junto com Sandra Noal foram passar esse imóvel no estado do Paraná em uma cidade chamada Maria Helena, distrito de Umuarama. Chegamos para o juiz e comprovamos toda a arquitetura fraudulenta do processo”, explicou Segamarchi.
LITÍGIO FAMILIAR
Em 2019, a família Noal entrou em litígio após o bicheiro sofrer um AVC. Com uma procuração, Sandra Regina Noal passou a administrar seu patrimônio.
Os demais filhos argumentam na Justiça que ela afastou o pai da família e se apropriou de seus bens. Eles também afirmam no processo que a casa de Ilhabela foi transferida para o nome de Sandra Regina com assinaturas falsificadas de sua mãe, Ada Ripari Noal, o que foi confirmado em laudo pericial grafotécnico, concluído em 15 de maio deste ano.
Ivo Noal era viúvo da empresária Ada Ripari Noal e, segundo a certidão de óbito, não deixou um testamento. O documento cita dez filhos.
A casa de Ilhabela data do período colonial brasileiro. Um relato de Sandra Regina Noal em laudo pericial do imóvel diz que uma taverna foi explorada no imóvel por antigos proprietários como ponto de encontro de piratas e marinheiros de navios negreiros e mercantes que aportavam ali.
Vizinhos relataram à Piauí que o imóvel era movimentado, com festas e eventos que atravessavam a madrugada e causavam transtornos na vizinhança.