EDITORIAL

A desigualdade no ar

Desigualdade climática é uma das consequências negativas mais perversas das mudanças climáticas ao redor do mundo

09/12/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Durante duas semanas, os olhos - e a esperança - do mundo estarão voltados para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde começou na última quinta-feira a COP 28, que é a 28ª conferência do clima da ONU (Organização das Nações Unidas). 

Nesse evento, representantes de 200 países debaterão uma ação global contra as mudanças do clima. Uma medida cada vez mais necessária, como fica evidente pelos episódios climáticos extremos que têm ocorrido em todo o mundo - inclusive no Brasil.


Em 2023, por exemplo, pela primeira vez na história, foi registrado no mundo um dia com temperatura média global 2ºC acima da era pré-industrial. Além disso, o mês de outubro foi o mais quente de todos os tempos, superando em 0,4ºC o recorde anterior (outubro de 2019) e 0,85ºC acima da média observada em outubro de 1991 a 2020.

O maior desafio dessa edição da COP é fazer com que os alertas dos especialistas resultem em medidas efetivas para salvar o planeta - em anos anteriores, ou não houve consenso sobre um compromisso ou acordos deixaram de ser cumpridos.


Outro ponto importante a ser debatido é que a questão climática agrava a desigualdade social. Os mais impactados são os mais pobres, embora sejam justamente os mais ricos os maiores culpados pela degradação do planeta. Hoje, o grupo formado pelo 1% mais rico emite o mesmo volume de gás carbono que a 66% da população mais pobre do mundo.

A desigualdade climática tem tristes exemplos na região. Em fevereiro de 2023, quando a maior chuva da história brasileira castigou o Litoral Norte, a maior parte das 65 mortes ocorreu em comunidades pobres de São Sebastião.


Outro exemplo bem menos extremo, mas também impactante, é apontado por uma pesquisa que mostrou que em São José dos Campos, em um mesmo dia, a temperatura chega a ser 1ºC mais alta na periferia do que nos bairros nobres. A conclusão do levantamento é simples: nas regiões com mais árvores, o calor é menos intenso. Na cidade, a meta lançada em 2016 era de plantar 56,5 mil árvores até 2028. Mais da metade do prazo já se passou, mas apenas 10,8% do objetivo foi alcançado.

Seja ao redor do mundo ou no nosso quintal, o cenário só vai melhorar quando os compromissos saírem do papel.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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