EDITORIAL

Não dá pra esperar

Enquanto promessas continuam no papel, Vale do Paraíba sofre desde 2010 como a região mais violenta de São Paulo

02/12/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Parece repetitivo. E é. Infelizmente. Desde 2010, o Vale do Paraíba mantém o triste título de região mais violenta de São Paulo. 

Nos últimos 12 meses, a RMVale acumula 323 pessoas assassinadas. Para efeito de comparação, foram 299 vítimas em Campinas e 235 em Ribeirão Preto, regiões que estão logo abaixo no ranking da violência. A situação é tão grave que a RMVale tem oito das 12 cidades com a maior taxa de vítimas de homicídio por 100 mil habitantes do estado.

O levantamento, feito com base em dados oficiais do governo estadual, leva em consideração o número de pessoas mortas entre novembro de 2022 e outubro de 2023 nas 100 maiores cidades paulistas.

Nesse triste ranking, os quatro primeiros lugares são ocupados por cidades do Vale: Cruzeiro lidera com 46,49 vítimas de homicídio por 100 mil habitantes, seguida por Lorena (30,64), Caraguatatuba (22,24) e Guaratinguetá (21,18). Em sexto lugar vem Ubatuba (17,21). Caçapava (14,55) aparece no 8º lugar. São Sebastião (12,26) e Taubaté (11,59) estão respectivamente na 11ª e 12ª colocação.

E o que fazer para que a região consiga se livrar dessa mácula? Desde 2010, o estado teve sete diferentes governadores. Todos prometeram resolver o problema. Os seis primeiros falharam. A bola agora está com Tarcísio de Freitas.

A principal aposta da atual gestão é a instalação de um sistema integrado de câmeras de monitoramento na região. O projeto não é novo, mas não foi colocado em prática em governos anteriores. A novidade, por enquanto, é que ganhou um nome: ‘muralha paulista’. Mas ainda falta o mais importante, que é sair do papel.

E a depender da forma como a gestão Tarcísio tem encarado a segurança pública, a região deve ficar preocupada. Em outubro, o governo cortou R$ 98 milhões de ações do setor, incluindo R$ 41 milhões para o policiamento ostensivo e preventivo e R$ 7 milhões do serviço de inteligência policial. Além disso, as DDMs (Delegacias de Defesa da Mulher) 24 horas já perderam R$ 17,1 milhões dos R$ 24 milhões que haviam sido reservados para esse ano - de janeiro a outubro, os casos de estupro aumentaram 27% no Vale.

Para ser efetivo, o combate à criminalidade precisa ir além de discursos e promessas.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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