INVESTIGAÇÃO

Caso de namoro vira guerra entre rivais em S. José e culmina na morte violenta de Camile

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 5 min
Reprodução / Redes Sociais
Camile morreu no hospital após ser baleada dentro de um carro
Camile morreu no hospital após ser baleada dentro de um carro

Um caso de namoro em São José dos Campos foi o estopim que culminou na morte violenta da vendedora Camile Santos, 19 anos, assassinada por causa de rixa entre grupos rivais da cidade.

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Após o crime, que ocorreu na madrugada de 21 de novembro, a Delegacia de Homicídios de São José dos Campos empenhou esforços para desemaranhar o mistério que pairava sobre a morte da vendedora.

Camile morreu no hospital após ser baleada dentro de um carro, saindo de uma adega no Parque Residencial União, na zona sul de São José.

MOTORISTA

Segundo a polícia, Pedro Diório da Silva, 19 anos, dirigia o veículo em que Camile e outra jovem de 20 anos estavam. O carro foi emparelhado por outro, no semáforo, e baleado com diversos tiros.

Sem ser o alvo da emboscada, Camile foi atingida na nuca, não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital. Pedro levou um tiro no pescoço e também foi internado, mas fugiu da unidade de saúde, segundo a Polícia Civil.

Ele foi preso nesta quinta-feira (30) na cidade de São Lourenço (MG), em ação conjunta entre as polícias Civil e Militar.

NAMORO

De acordo com as investigações, a morte de Camile foi causada por série de desentendimentos violentos entre grupos rivais e assassinatos por vingança, que desembocaram na tentativa de homicídio de Pedro em 21 de novembro, da qual ele escapou e Camile acabou morta.

Tudo começou quando Pedro engatou um relacionamento amoroso com uma jovem da região norte de São José, que morava nos chamados ‘Predinhos do Jaguari’, e passou a frequentar o local.

Depois de um tempo, um homem conhecido como “Piu” apresentou-se para Pedro como sendo namorado da moça. Ele fez várias ameaças e proibiu Pedro de retornar ao condomínio. Temendo pela vida do namorado, a jovem terminou o relacionamento com Pedro.

Só que o irmão dele, Flávio Diório da Silva, tomou frente da história e decidiu ir com Pedro até os ‘Predinhos do Jaguari’ conversar com Piu e tentar apaziguar a situação.

No entanto, quando os irmãos chegaram numa área comum do condomínio, foram recebidos a bala. Flávio tentou sair do carro para conversar, mas os tiros não deixaram e ele acabou revidando. Ninguém foi atingido, mas o carro dos irmãos foi danificado, segundo a polícia.

Após o tiroteio, segundo apurado pelos investigadores, bandidos da área organizaram um “sumário” para discutir a questão entre Piu e Flávio. Nesse “julgamento”, ficou decidido que os irmãos estavam proibidos de frequentar aquela região.

INCÊNDIO

A ‘diplomacia’ do crime não funcionou. Na noite de 25 de março deste ano, Flávio se deparou com o carro do desafeto Piu estacionado perto de uma casa noturna no Jardim Aquarius, na zona oeste de São José. Ele resolveu colocar fogo no veículo.

A ocorrência foi registrada e Flávio virou investigado. Ele disse à polícia que teria feito a “campanha” (vigília) para que o irmão Pedro ateasse fogo no carro.

Identificado no boletim de ocorrência como Lucas Felipe dos Santos Cunha, Piu alegou que não conhecia Flávio, mas resolveu se vingar do incêndio.

Ele reuniu alguns comparsas e começou a ameaçar os irmãos Flávio e Pedro, o que veio a se concretizar na noite de 21 de abril de 2023.

EMBOSCADA

Por volta de 22h40, Flávio foi vítima fatal de diversos disparos de arma de fogo, não sobrevivendo aos ferimentos. Outro homem que estava com ele no carro também foi atingido, mas sobreviveu.

O carro de Flávio estava estacionado perto de uma adega de São José com duas pessoas dentro, uma delas era seu irmão Pedro.

Por meio de imagens de câmeras e depoimentos de testemunhas, os policiais descobriram que um veículo se aproximou do carro de Flávio e sinais de laser vermelho começara a ser projetados em direção ao carro da vítima.

Logo em seguida, dois dos três ocupantes do carro desembarcaram perto do automóvel de Flávio e, depois de um deles falar “é ele mesmo”, começaram a atirar.

Flávio tentou escapar da emboscada saindo do carro, mas os criminosos derem ré no veículo e colidiram com o carro da vítima. Novamente um dos atiradores sai do carro e desfere vários tiros em Flávio, que morre no local.

Na tarde de 22 de abril deste ano, na Estrada Pau de Saia, na zona norte de São José, a Polícia Militar encontrou o veículo utilizado no crime parcialmente incendiado.

Para a polícia, o motivo do crime foi o desentendimento que Flávio e Pedro tinham com o grupo de Piu, em razão da malograda tentativa de namoro de Pedro, que prometeu se vingar do irmão assassinado.

VINGANÇA

A onda de mortes continuou e outras duas pessoas foram assassinadas: o próprio Piu e Eder Cesar de Oliveira Coutinho, 37 anos, conhecido como “Oreia”, que tinha passagem criminal por roubo e era investigado pelo homicídio de Flávio.

Piu foi morto numa emboscada também envolvendo um carro, na noite de 18 de agosto. O veículo usado no crime havia sido furtado horas antes do pátio de uma locadora de veículos dentro de um shopping na zona sul de São José. A polícia obteve imagens de câmeras de segurança desse furto.

Esse carro foi localizado queimado numa estrada vicinal entre as cidades de Caxambu e Baependi, em Minas Gerais, após investigadores de São José realizarem diligências em Caxambu, cidade natal de Pedro.

Os policiais descobriram que o pai de Pedro o levou para Minas Gerais, para a casa de parentes em Caxambu, para tentar evitar que ele matasse os algozes do irmão Flávio, numa tentativa de cessar o banho de sangue que havia se transformado o cancelado namoro. Não deu certo.

A próxima vítima foi Eder, morto na semana passada de maneira semelhante ao assassinato de Piu, com a utilização de um carro furtado no pátio do mesmo shopping na zona sul de São José.

Segundo a polícia, vídeo obtido pela Delegacia de Homicídios mostra os autores após abandonarem o veículo. Um deles tem as mesmas características físicas e a forma de andar do investigado Pedro, que foi identificado em outras imagens do furto do carro.

GUERRA

Os investigadores disseram que a “guerra entre grupos rivais” ganhou mais um capítulo quando Pedro foi vítima de tentativa de homicídio, em 21 de novembro, que teria sido cometida por comparsas de Piu e Eder. O caso segue em investigação.

Pedro foi baleado e socorrido ao hospital de São José, mas fugiu para o estado de Minas Gerais. Dentro do carro dirigido por ele estava a jovem Camile Santos, que não teve a mesma sorte e morreu após ser baleada.

Nesta quinta-feira (30), após nove dias de investigação, Pedro foi preso em São Lourenço.

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