PERSONAGEM

Do samba para a Canção Nova: ex-passista ‘Maria Lata d’água’ completa 90 anos

Por Da redação | São José dos Campos
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Do samba para a evangelização: Maria Mercedes Chaves completa 90 anos
Do samba para a evangelização: Maria Mercedes Chaves completa 90 anos

Maria Mercedes Chaves, missionária da comunidade católica Canção Nova desde 2004, em Cachoeira Paulista, completou 90 anos em 25 de setembro de 2023.

Foi ela quem inspirou a conhecida marchinha de carnaval “Lata d’água na cabeça”, sucesso na década de 1950.

Naquela época, ela era conhecida nos morros, bailes e passarelas cariocas como ‘Maria Lata d’água’, uma das passistas mais famosas do Rio de Janeiro.

Pois a lata d’água desceu o morro sambando, ganhou o mundo gingando e agora repousa embalada pelas asas do Espírito Santo.

Uma das mulheres mais famosas do Carnaval carioca trocou as serpentinas pelo rosário de Nossa Senhora. O samba enredo deu lugar às orações.

A mulher que gritava às multidões: “Olha a nega chegando”, passou a pedir, silenciosamente, em nome de Jesus Cristo: “Dai-me almas”.

“Amo tudo o que vivi, mas amo muito mais o que sou agora, pois como disse o apóstolo Paulo, ‘já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim’”, disse ela aos 90 anos.

A data foi comemorada com uma missa em ação de graças no Santuário do Pai das Misericórdias, em Cachoeira Paulista.

VIDA NO SAMBA

A trajetória de vida da mineira Maria Mercedes começa em Diamantina (MG), numa família muito pobre. Chegou ao Rio de Janeiro aos 11 anos e sambou pela primeira vez com uma lata cheia de água (20 litros) na cabeça quando tinha 18 anos.

Desfilou na Sapucaí pelas escolas Salgueiro, Portela, Estácio de Sá, Padre Miguel e Beija Flor durante 45 anos, além de fazer turnê por toda Europa.

E foi aos 70 anos que Maria, devota de Nossa Senhora Aparecida, fez sua consagração a Deus na Canção Nova. Em 2024, ela vai completar 20 anos de vida missionária.

“Conheci a Canção Nova em 1983. No ano de 1989 participei do Retiro de Carnaval ‘Rio de Água Viva’, no Maracanãzinho, ajudando na limpeza. Renunciei a tudo para seguir Jesus, em 1990, após dar testemunho nesse retiro. Peguei minha fantasia e fui para o Sambódromo desfilar meu último Carnaval, pois era isso que dizia o meu coração”, disse Maria.

EVANGELIZADORA

Ela afirmou que não se envergonha do passado no mundo do samba. Tendo enfrentado toda sorte de infortúnios, Maria venceu as próprias misérias para se tornar testemunho de vida.

Aos 90 anos, a passista vaidosa que encantou o mundo nas décadas de 50, 60 e 70 continua gostando da beleza, mas aquela que espelha Deus para os outros: “Tudo que fiz de errado Deus fez virar adubo para nascer a nova árvore”.

Ao se tornar evangelizadora e intercessora, Maria dá exemplo de vida. Garante que não se arrepende. “A vida que tive me trouxe para Deus”, afirmou Maria, com a lata d’água de volta à cabeça, dessa vez com símbolos cristãos. “A alegria que tinha no carnaval é a mesma de agora, só que para atrair almas para Deus”.


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