PRISIONAL

Chamada de ‘fábrica de monstros’, Casa de Custódia de Taubaté vai fechar até 2024

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
Casa de Custódia de Taubaté
Casa de Custódia de Taubaté

A 'fábrica de monstros'.

Berço do PCC (Primeiro Comando da Capital), a Casa de Custódia de Taubaté está com seus dias contados.

A unidade prisional funciona como hospital e tratamento psiquiátrico e abriga atualmente 249 presos, para uma capacidade de 404.

Em 1993, quando foi criado o PCC, o local era chamado de 'fábrica de monstros', pelas condições de encarceramento.

Três décadas depois e perto de completar 110 anos, a unidade terá que ser fechada por decisão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que determinou, em abril deste ano, o fechamento dos hospitais de custódia até maio de 2024. Hoje, há 28 unidades desse tipo no Brasil, sendo três em São Paulo.

Procurada pela reportagem, a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) disse que está “em constante diálogo com os órgãos de saúde e de justiça” para definir o futuro da unidade e dos pacientes que lá estão. Ainda não há data certa para o fechamento da Casa de Custódia.

“A resolução do CNJ se destina ao Poder Judiciário, sendo a Secretaria integrante do Poder Executivo, cabendo à SAP o cumprimento de decisão judicial”, informou.

PRESOS PERIGOSOS

A decisão do CNJ coloca ponto final nos hospitais de custódia, incluindo o de Taubaté, berço do nascimento do PCC em 31 de agosto de 1993.

Na época, o local acolhia prisioneiros transferidos por serem considerados de alta periculosidade pelas autoridades.

Hoje os hospitais são destinados ao cumprimento da medida de segurança e tratamento dos pacientes psiquiátricos que se encontram internados por decisão judicial, de acordo com a legislação e “os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental”.

Passaram pela Casa de Custódia de Taubaté, que era um presídio de segurança máxima, presos como Sombra, Marcola (atual líder do PCC), Bandido da Luz Vermelha, Chico Picadinho, Pedrinho Matador, entre outros.

Em seu estatuto, a facção criminosa diz que “nosso braço armado será o terror ‘dos poderosos’ opressores e tiranos”, que usam o Anexo de Taubaté (Casa de Custódia) como “instrumento de vingança da sociedade, na fabricação de monstros”. O PCC também chama a unidade de “campo de concentração”.

Histórico diretor da unidade, José Ismael Pedrosa foi assassinado em 2005 pelo PCC, como vingança. Ele tinha mais de 40 anos de experiência no sistema prisional paulista.

Pedrosa voltava de um churrasco com amigos quando foi cercado e metralhado com 11 tiros na cabeça, na região central de Taubaté.

FRATERNIDADE DO CRIME

Para o sociólogo Gabriel Feltran, professor da Universidade Federal de São Carlos, o PCC age como uma ‘fraternidade do crime’. Uma sociedade secreta cujo objetivo principal é o progresso de seus irmãos (membros) e voltada para a “luta violenta e silenciosa contra o sistema”.

O que começou como quadrilha se tornou facção criminosa, cartel de drogas e agora age como máfia. Traficantes e empresários lavam dinheiro e ficam milionários com o tráfico internacional de drogas.

Abaixo deles, uma legião de ‘soldados do crime’, dispostos a enfrentar o Estado e manter o poder do PCC, que se associou a outras facções criminosas para expandir seus domínios.

O livro também aborda a expansão do PCC para outros estados do Brasil, a aliança com outras facções criminosas, como o Comando Vermelho (CV) do Rio de Janeiro, e a rivalidade com o Primeiro Grupo Catarinense (PGC) do Sul do país.

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