EDITORIAL

Uma bandeira de OVALE

RMVale deve ser prioridade no combate à criminalidade; região possui 5 cidades com taxa de mortes acima do Rio

12/08/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Bandeira.

O pavilhão de São Paulo, adornado com suas faixas pretas e brancas, com um globo trazendo o perfil geográfico do Brasil no centro de um retângulo rubro, faz tremular nos céus paulistas quatro estrelas cintilantes, que representam o Cruzeiro do Sul -- constelação que permite identificar o ponto cardeal sul.

O modelo atual da bandeira foi criado após a abolição da escravatura. Em 16 de julho de 1888, o escritor e jornalista Júlio Ribeiro, fundador do jornal ‘O Rebate’, propôs a criação da bandeira de São Paulo para simbolizar as raças, branca, preta e vermelha, em campanha favorável à República -- que seria proclamada em 15 de novembro de 1889.

No entanto, a adoção do estandarte ganhou forças às vésperas da Revolução de 1932, quando o povo paulista pegou em armas e defendeu uma nova constituinte, em oposição à Era Vargas.

O uso da bandeira chegou até a ser proibido durante o Estado Novo [1937 a 1945], na ditadura Getúlio Vargas (1882-1954).

“Durante o Estado Novo, [Vargas] suspendeu o uso dos símbolos nacionais, incluindo a bandeira paulista, que seria oficializada em 27 de novembro de 1946”, diz o site do governo de São Paulo.

Uma outra bandeira, que emula o pavilhão paulista e tem elo umbilical com 32, é a do município de Cruzeiro, no Vale Histórico, oficialmente a ‘capital da Revolução Constitucionalista’, lembrada até os dias de hoje no dia 9 de julho.

E explica-se: localizada na divisa com o Rio de Janeiro e Minas Gerais, a cidade, que em seu brasão traz a palavra ‘paz’, tornou-se o palco central desta guerra fratricida. Hoje, mais de 90 anos depois das batalhas, Cruzeiro é o palco de uma nova guerra, da violência.

O município, que tem aproximadamente 80 mil habitantes, transformou-se na ‘capital’ da violência em território paulista, com índice de homicídios por 100 mil habitantes duas vezes maior do que o registrado no Rio de Janeiro.

Infelizmente, Cruzeiro não está só: há ainda outras quatro cidades do Vale do Paraíba e Litoral Norte com patamar acima do registrado em solo carioca -- Lorena, Ubatuba, Caraguatatuba e Guaratinguetá. A RMVale é, disparadamente, a região mais violenta do estado.

Este triste título foi revelado por OVALE, em 2010, por meio do trabalho minucioso que, na época, comparou dados dos 645 municípios de São Paulo. Desde então, a nossa região se mantém no topo. Cobrar medidas práticas, efetivas, que a região será colocada como prioridade contra o crime é uma bandeira de OVALE. Já passou da hora, que a bandeira branca da paz volte a tremular no Vale.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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