Emanuel e Cury ficaram sentados nas cadeiras posicionadas no palco do auditório. Ambos discursaram para um público de aproximadamente 300 pessoas. Nas falas, os tucanos fizeram críticas ao que chamaram de ‘judicialização’ e destacaram problemas, que segundo eles, ocorrem com a interferência entre os poderes da República.

Outro ponto bastante enfatizado foi sobre a ‘criminalização da política’. Emanuel fez críticas ao que chamou de ‘negação da política’. O ex-prefeito chegou a fazer uma analogia com um gerente de uma empresa no comando de uma cidade, o que ele reiterou que “não necessariamente daria certo”.

Por fim, sobre o manifesto em si, eles destacaram que o grupo criado estará disposto a ajudar candidaturas e movimentos, desde que eles se comprometam com os pilares apresentados no manifesto: liberdade de mercado e de expressão, honestidade, transparência e solidariedade.

“Este grupo estará aberto para apoiar candidatos a vereador, a prefeito. Inclusive, pode ser que estejamos apoiando até mais de um prefeito. Tudo isso dependerá deles se comprometerem em comungar dos valores apresentados por esse manifesto aqui hoje”, disse Emanuel em sua fala.

Após os discursos, 14 lideranças foram convidadas a assinar uma primeira ata do manifesto. O texto na íntegra e um programa de adesão às ideias será lançado em breve.

CRÍTICAS AOS PARTIDOS.

Em um trecho de sua fala, Emanuel fez críticas ao que ele chamou de ‘partidos de aluguel’. Segundo o ex-prefeito, as legendas ideológicas de outrora, com um conjunto de valores nascentes, foram substituídas por partidos que abrigam políticos apenas pensando no período eleitoral.

“Mesmo aqueles chamados partidos ideológicos, do período da redemocratização, ainda tinham um conjunto de valores. Hoje o cara muda para lá e para cá. ‘Deixa eu ver se tenho chance aqui’. Não sei se parece um business, apesar dessa palavra ser muito forte. Mas acredito que política você tenha que vibrar com as conquistas realizadas, ao mesmo tempo que fica bravo com algo não republicano”, disse.

Já Cury, questionado pela reportagem sobre o mesmo tema, concordou com o pensamento de Emanuel. “É complicado [a mudança repentina de partidos]. Eu vejo as vezes partidos que se dizem de direita, mas tem cargos em governos de esquerda, quadros que apoiam aqui e outros ali. Não tem problema, mas acho que confunde um pouco a cabeça do eleitor”, disse.

No ano passado, nas vésperas do período eleitoral, essa também foi uma das críticas feitas pelos dois experientes tucanos ao hoje vice-governador Felicio Ramuth, que na época deixou o PSDB para migrar ao PSD e, posteriormente, se tornar vice do agora governador paulista Tarcísio de Freitas. Seu vice-prefeito e hoje chefe do Executivo joseense, Anderson Farias, também migrou para o PSD. A mudança provocou um afastamento entre os antigos aliados.

ENCONTROS.

A formatação do movimento deu-se em dois encontros informais que reuniram prefeitos, ex-prefeitos, parlamentares e candidatos do Vale. Outros encontros serão realizados nas próximas semanas em cidades do Vale.

O grupo fundador conta com Emanuel, Cury, Izaias, Sérgio Victor e Ortiz Jr. (Taubaté), Fábio Marcondes (Lorena), Marcus Soliva (Guaratinguetá), Zé Éder e Osmar Felipe Júnior, o ‘Filipinho’ (Cunha) e Carlos Abranches, José Mello Correa e Lia Blanco Fernandes (São José). Lia é filha de Emanuel Fernandes.

Com exceção de Victor, Soliva e Abranches, os demais são ligados ao PSDB. Mesmo assim, Cury refuta a ligação do movimento com o partido, tema que não quis comentar.

“Queremos fomentar novas lideranças independente do partido, que é uma escolha pessoal. Mas num partido não dá mais para separar as pessoas bem das más intencionadas. Tem problemas em todos os partidos, por isso não dá para fazer um movimento partidário”, afirmou.