Um dos meus programas favoritos quando morei no Sul da França, em 2008, era caminhar pelas fileiras de videiras na plantação do Château L’Esparrou. Na época, a vinícola não tinha uma programação especial para visitantes e turistas, apenas preparava uma mesa de degustação no meio da plantação quando as condições climáticas permitiam. Na região do Languedoc, o vento Transmontana é forte, o que inviabiliza alguns programas ao ar livre e, ao mesmo tempo, beneficia a vitivinicultura orgânica. Nesta época, caminhei por quase toda a estrada vitivinícola que ficam nas encostas do Mar Mediterrâneo.
Para mim, aquele passeio só seria possível em alguns países de tradição vitivinícola e, por aqui, no Rio Grande do Sul. Pois é isso que está em plena mudança hoje em dia no Brasil. As novas tecnologias que espalham as vinícolas para além das divisas gaúchas, estão tornando o enoturismo um passeio de fim de semana para muitas regiões.
As opções são várias. Em Andradas (MG), a Casa Geraldo tem três tipos de passeios básicos: prata (videiras, cantina e degustações), ouro (o mesmo formato do anterior, com mais vinhos degustados) e do Enólogo na Jardineira com almoço harmonizado (que inclui degustação de vinhos premium e leva 5 horas).
A vinícola também faz passeios de balão sobre a plantação, piqueniques e jantares temáticos.
A veterana Villa Triacca, na região do PAD-DF, em Brasília, segue o conceito de “hotel-vinícola”, unindo hospedagem e produção de vinhos finos. A experiência permite caminhadas nos 5 hectares de vinhedo de castas tintas Syrah, Marselan, Tempranillo, Cabernet Franc, Sangiovese, Grenache, e as brancas Sauvignon Blanc e Viognier. Semanalmente, há tour no vinhedo com degustação dos rótulos, além do já tradicional piquenique.
Em Friburgo, a 1.100 metros de altitude na serra fluminense, a visitação à vinícola familiar Terras Frias começou em fevereiro do ano passado (2022). André Guedes, patriarca da família e idealizador da vinícola é mestre queijeiro, o que faz da degustação em sua propriedade um prato cheio. De queijos. Em breve, a família garante também as instalações de uma queijaria. Para a visita, é preciso agendar pelas redes sociais.
No Circuito das Frutas de São Paulo, em Louveira, a Micheletto tem boas opções gastronômicas, como o seu quiosque e o empório. Em Jacutinga, a vinícola Obstinado (MG) acaba de abrir as portas.
CASAMENTOS
As vinícolas que têm estrutura para festas, como a Casa Vitor, também na região do PAD-DF, em Brasília, já começam a realizar casamentos. Para a celebrante Renata Dias, um fator prático chamou sua atenção: “Não precisa de decoração, está tudo lá: o cenário é de sonho”. Mas, obviamente, em se tratando de vinho e da formação de uma nova família, a cerimônia envolveu muito mais poesia. “A história do vinho tem tudo a ver com o amor. Assim como um bom vinho, o amor pode ficar melhor com o tempo, se a base for bem cultivada. Cada gesto de carinho e atenção é uma semente plantada. E com o tempo, essas sementes germinam e se transformam em belas uvas, prontas para serem colhidas. E quando finalmente chega a hora da colheita, é como se toda a espera e trabalho duro valessem a pena”, celebrou Renata diante dos noivos.
Que sejam felizes para sempre!
HARMONIZAÇÃO
Os rosés de uva Syrah Maria Maria são bastante frutados. Cor salmão intensa e tonalidade viva. Predominam os aromas que lembram cerejas, amoras, morangos e cítricos. Ideal para acompanhar entradas leves com frutos do mar, como camarões grelhados e lulas à doré.