EDITORIAL

O Centrão no governo

Em busca de apoio na Câmara, Lula cederá ministérios a PP e Republicanos, contrariando discurso sobre centrão

22/07/2023 | Tempo de leitura: 2 min

 

 

 

De olho na tal da governabilidade, o presidente Lula deve promover nos próximos dias uma minirreforma ministerial para acomodar integrantes do centrão na equipe de governo.

O momento, nos bastidores, é de negociações. O PP quer a pasta de Desenvolvimento Social, responsável pelo Bolsa Família. O Republicanos, o Ministério do Esporte. Lula resiste a entregar esses ministérios para o grupo. A presidência da Caixa Econômica Federal também está em discussão. PP e Republicanos já avisaram que não aceitarão pastas de baixo orçamento e com pouca capilaridade.

O movimento difere daquele observado no início do governo, quando Lula elevou o número de ministérios de 23 para 37 e usou as pastas para abrigar aliados de partidos que o apoiaram no segundo turno da eleição de 2022.

Agora, o foco do presidente é tentar resolver o problema da falta de uma base de apoio consolidada na Câmara dos Deputados, o que pode ser um empecilho para a aprovação de matérias de interesse do governo. No primeiro semestre, esse obstáculo foi superado com a liberação de emendas nas vésperas de votações importantes, como a da reforma tributária. Mas, como o centrão quer sempre mais, Lula se vê obrigado a abrir espaço para esses partidos em sua equipe.

Esse novo movimento traz riscos para Lula. Um deles é que, para abrigar o centrão, poderá ter que demitir integrantes do PT ou de partidos aliados, como PCdoB e PSB. Ou, então, terá que limar do governo ministros de perfil mais técnico. Outro risco é que a entrega de cargos não deve resultar em um apoio total das bancadas do Republicanos e do PP em votações no Congresso. A tendência é de que essas legendas se comportem como o União Brasil, que tem três ministérios e se mantém ‘independente’.

Outro problema está no discurso. Durante o governo Bolsonaro, Lula criticava o então presidente, dizendo que era ‘refém do centrão’. Agora, o petista também cede às investidas do grupo.

Nos outros governos petistas, de Lula e Dilma, a busca pela governabilidade resultou no mensalão e no petrolão. Com Bolsonaro fragilizado, o centrão criou o orçamento secreto. O que podemos esperar dessa vez? Difícil acreditar que venha coisa boa por aí.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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