Após mais de um semestre de trabalho de campo dedicado à observação e identificação dos saguis em São José dos Campos, a UFV (Universidade Federal de Viçosa) deu início ao manejo de saguis no Parque Natural Municipal Augusto Ruschi, na região norte da cidade, para proteger uma das espécies nativas do risco de extinção.
Originários de outras regiões do país, os animais são das espécies sagui-de-tufos-pretos (Callithrix penicillata) e sagui-de-tufos-brancos (Callithrix jacchus). O objetivo do projeto é evitar o cruzamento desses primatas com o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita), uma das espécies mais ameaçadas do mundo. Para isso, a equipe de pesquisa está realizando capturas e esterilizações dos animais, contribuindo assim para a conservação da espécie nativa.
O professor Fabiano Melo, da UFV, enfatizou a importância dessa parceria com a Prefeitura de São José dos Campos, ressaltando que a cidade está na vanguarda da conservação de espécies e se destaca como um dos poucos locais no Brasil que realiza esse trabalho de manejo in loco. Ele acredita que essa prática deve servir como exemplo para todo o país.
O projeto conta com o apoio do Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) da Univap (Universidade do Vale do Paraíba) e envolve estudantes dos cursos de biologia e medicina veterinária, que acompanham as pesquisadoras nas atividades de campo. A equipe médica veterinária é responsável pelas esterilizações dos saguis capturados, contando com a colaboração da UFV.
Além disso, em parceria com o projeto Ecomuseu, responsável por mutirões de limpeza nas áreas de habitat dos saguis e ações de sensibilização nas comunidades locais, as pesquisadoras Fernanda Maria Neri e Milena Nogueira continuam monitorando a população de saguis-da-serra-escuro na mata e ao longo da vegetação do córrego no Parque Alambari, na região leste. Esse é o grupo da espécie que tem sido observado há mais tempo na cidade, mas que nunca havia sido estudado de forma sistemática antes.
A participação ativa da população é outro destaque desse projeto. Mais de 60 saguis foram identificados em diversos bairros da cidade, vivendo isolados ou em grupos em pequenos fragmentos de floresta próximos a córregos urbanos, quintais de residências e áreas comerciais. As pesquisadoras conversam com os moradores, entregam folhetos explicativos sobre a importância da conservação desses primatas e contam com a colaboração da população para apontar outras áreas onde os saguis foram avistados.