Sempre parece impossível, até que seja feito.
Lapidar, a frase de Nelson Mandela (1918-2013), o ex-presidente sul-africano que comandou a luta contra o lúgubre regime de Apartheid, encaixa-se como luva na história dos moradores da comunidade campineira que leva o nome de Madiba, prêmio Nobel da Paz em 1993.
As famílias do Residencial Nelson Mandela, nos próximos dias, após sete anos de uma dura espera em barracos, convivendo com o medo de uma reintegração de posse, vão conquistar o sonho de ter uma casa -- serão transferidas para as 116 chamadas ‘casas embriões’, construídas pela Prefeitura de Campinas no distrito Ouro Verde, com 15 m².
E, agora, levando na mala o respeito à dignidade -- afinal, moradia é direito, não é esmola.
Em uma vitória dos 450 moradores, alicerçada pela força do jornalismo livre, transformador e independente, em uma cobertura capitaneada pela série de reportagens de OVALE, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) sucumbiu à forte pressão e anunciou na tarde desta última quinta-feira a ampliação das casas -- conforme revelado por OVALE, essas casas de 15 m² violam as diretrizes da ONU (Organização das Nações Unidas) para uma moradia digna.
Quando a água começa a ferver é tolice desligar o fogo, já sentenciava Mandela.
Após o caso viralizar e ganhar proporções nacionais, inclusive com a entrada em cena do presidente Lula (PT), que chegou a dizer que o prefeito de Campinas ‘não era humano’ e ‘não entendia de pobre’, Dário ficou acuado.
A vida tem uma maneira de forçar decisões sobre aqueles que vacilam, ensinava Mandela.
O prefeito, ao perder a queda de braço, se viu sem outra escolha e anunciou a ampliação das casas para os moradores. Uma vitória importante da comunidade Mandela escrita em letras garrafais de manchete de do jornal.
Em OVALE, a verdade encontra morada e, imensurável, a liberdade mede mais do que 15 m².