Moradores afirmam que os casos de furto, roubo e tentativas de estupro aumentaram no Parque Interlagos, na região sul de São José dos Campos, após a abertura de um abrigo masculino para adultos no Torrão de Ouro, bairro vizinho, em setembro de 2022. O local de acolhimento funciona no mesmo endereço da Comunidade Terapêutica Nova Esperança, para tratamento de dependentes químicos, porém, diferentemente da clínica, é administrado pela Prefeitura de São José.
"Nós tivemos um caso de estupro, uma senhora de 50 anos. Ela estava fazendo caminhada pelo lago na segunda-feira (19), às 6h15 da manhã, e um homem armado pegou ela, levou ela para o mato, mandou ela tirar a roupa. Ela tentou fugir, ele deu uma rasteira, ela caiu, mas conseguiu fugir. Nem era para ela estar aqui entre nós, porque ele deixou bem claro que iria matar ela", relatou a moradora Elaine Cruvinel. Além da mais recente tentativa de estupro citada pela moradora, houve também o furto a uma casa na rua Dias Gomes, na sexta-feira (23). "Levaram tudo".
Para a vizinhança, a falta de ocupação dos usuários do abrigo é um problema. "O pessoal do albergue passa a noite lá, toma café e, durante o dia, fica perambulando pelo bairro, à toa, usando thinner no ponto de ônibus, drogas, álcool; abordam os moradores o dia inteiro para pedir dinheiro. A gente não pode ir ali ao mercadinho mais, porque é abordagem atrás de abordagem. É um bairro que ficou perigoso, a gente não consegue mais andar normalmente. Nós sabemos que o pessoal do albergue é filho de Deus também e precisa de um lugar para morar, mas é dever do estado arrumar uma ocupação para eles, não deixar eles nas ruas", relatou Elaine.
O fato de não terem sido avisados ou perguntados é outro motivo de crítica. "Ninguém desse bairro foi consultado sobre a abertura desse albergue", afirmou.
Contra a falta de segurança e por uma providência com relação ao abrigo, Elaine e outras três moradoras organizam um protesto para este sábado (1º), às 9h, em frente ao Lago do Parque Interlagos. Elas convocaram toda a comunidade. "O povo daqui já está saturado de tanta coisa que está acontecendo e ninguém toma providência".
Outro lado
Questionada pela reportagem, a Prefeitura de São José dos Campos informou que a Guarda Civil Municipal realiza diariamente patrulhamento preventivo nas ruas do Parque Interlagos e nos demais bairros da cidade. "Esse patrulhamento preventivo da GCM será intensificado na região, bem como o monitoramento por meio das câmeras do CSI (Centro de Segurança e Inteligência)", diz a nota. A Secretaria de Proteção ao Cidadão reforça que, ao sentir-se ameaçada ou notar algo suspeito no bairro, a população deve fazer contato imediatamente pelos telefones 190 (Polícia Militar) ou 153 (Guarda Municipal).
Já a SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que analisa semanalmente os dados criminais da região, "a fim de desenvolver operações de combate à criminalidade". Além do policiamento realizado pelo 46º BPM/I (Batalhão de Polícia Militar do Interior), são realizadas operações policiais na região, com reforço de efetivo das unidades do CPI-1 (Comando de Policiamento do Interior) e unidades especializadas como o 3º Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia), Dejem (Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial-Militar) e Atividade Delegada. A SSP acrescentou que também são utilizadas as câmeras do CSI como ferramenta de análise, prevenção e monitoramento dos crimes.
A SSP afirmou que "conforme dados dentro da área de atuação, os índices criminais observados no bairro Interlagos estão com projeção abaixo da expectativa da Secretaria de Segurança Pública do Estado São Paulo. O bairro Interlagos encontra-se inserido em diversos planejamentos de policiamento de área. "Ressalta-se que, registrados até a presente data nesse ano, estão contabilizados quatro furtos e um roubo", acrescenta a nota.
A SSP reforça a importância de registrar os crimes junto aos órgãos de Segurança Pública. "É de fundamental importância que cada cidadão se envolva na questão de Segurança Pública, quer seja na participação das reuniões do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança), quer seja na adesão do programa “Vizinhança Solidária”.
