Para minimizar os impactos ao meio ambiente, produtores de vinho têm buscado recursos renováveis. A energia solar, por exemplo, já é uma realidade em várias propriedades, entre elas, a Vinícola Areia Branca, em Amparo (SP), que fez sua primeira colheita este ano. A Villa Triacca, nas proximidades do Distrito Federal, também utiliza placas fotovoltaicas como fonte de energia para metade do consumo nas suas instalações.
A preservação se tornou um ativo na produção. Com a distância necessária das videiras, que são inimigas de sombras, a floresta coleciona benefícios ao desenvolvimento saudável das uvas.
“As matas nativas são uma necessidade para proteção de nascentes e margens de rios, manutenção do lençol freático e contribuem com a alimentação da fauna e proliferação de insetos benéficos”, explica Renata Vieira da Mota, pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). “Além disso, contribuem nas áreas vitícolas, por proporcionarem alimento aos pássaros e macacos reduzindo um pouco a incidência destes animais no vinhedo. A ocorrência de insetos predadores também contribui muito com o manejo de pragas", acrescenta.
Os resultados são práticos para a produção, mas também geram paixão e encantamento. Ao perceber a riqueza da mata preservada, os proprietários da vinícola Arpuro, em Uberaba (Triângulo Mineiro), decidiram catalogar as mais de 200 espécies da propriedade para monitorar e mantê-las. Na Villa Triacca, são quase 70 hectares de área nativa com meio ambiente equilibrado.
Já na Casa Soncini, próxima à represa de Avaré, em Itaí (SP), a natureza mostrou seus caprichos. A semente de uma figueira floresceu nas frestas de uma das paredes da sede e criou raízes. A imagem da árvore firme acima da casa é o símbolo da vinícola.
HARMONIZAÇÃO
Com arroz sertanejo, feito no fogão a lenha como manda a tradição, uma garrafa de cabernet sauvignon é o ideal. As carnes salgadas suavizam o alto nível de taninos do vinho, fazendo ele ficar ainda mais frutado e harmônico com o prato.
DICAS
O esforço coletivo de pequenos produtores rurais criou terroirs de destaque na produção de vinhos europeus. Um desses exemplos é o Alentejo português. Esse modelo vem sendo desenvolvido no Cerrado de Altitude brasileiro. A Vinícola Brasília, nos arredores da capital do país, teve o plantio das primeiras vinhas em 2018. São dez famílias de produtores rurais, com 10 vinhedos com altitude média de mil metros acima do nível do mar. A syrah é a principal casta. Algumas já recebem para enoturismo, entre elas, a vinícola Casa Vitor, a Fazenda Ercoara, a Marchese Vinhos e Vinhedos e a Villa Triacca Eco Pousada.