Professor da Unitau (Universidade de Taubaté) e mestre em arquitetura e urbanismo, Flávio Mourão disse que casas pequenas demais se transformam em “habitação doente”, causando problemas de saúde nos moradores pela falta da “qualidade do espaço”.
“Não posso oferecer um imóvel de 15 m² e dizer para as pessoas se virarem para ampliar. Se são pessoas em área de risco, o poder público deixou ocupar e agora tem que retirar, devendo arcar com os custos relacionados à realocação, ainda mais em uma cidade rica como Campinas. Ali tem estrutura. Estão criando problema ao invés de resolver”, avaliou Mourão.
“Coloca-se a questão social em um discurso vazio e não resolve o problema. Essas pessoas vão ter que improvisar uma casa para chegar ao tamanho adequado. Que política pública é essa? É a famosa ‘me engana que eu gosto’. Não tem sentido e nem dá para usar a palavra social nesse tipo de questão”, afirmou o arquiteto.
Segundo ele, a ideia da ‘casa embrião’ surgiu no final da década de 1990 e está longe de atender o que ele considera uma moradia minimamente adequada, com 70 metros quadrados para abrigar uma família.
O arquiteto explicou que o Código Sanitário de São Paulo prevê dimensões mínimas de cômodos para que as pessoas não tenham problemas de saúde. “Não podemos ter uma habitação doente”, disse ele.
“Em habitação, consideramos que um cômodo tem que ter 10 m² no mínimo, uma cozinha com 8 m², banheiro e outros com mais um tanto, que vai chegar a cerca de 70 m², que é o tamanho que se usava nos projetos do BNH. É uma questão de salubridade e de saúde. É preciso ver a necessidade das famílias. Estamos invertendo as prioridades.”