Desde a década de 1920, quando os imigrantes italianos iniciaram a plantação de videiras na Serra da Mantiqueira, a cadeia montanhosa entre São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro passou a ser comparada às regiões vinícolas europeias. Mas, quase um século depois, quando os produtores desceram os picos montanhosos para iniciar a plantação dos vinhos de inverno, a área ganhou um novo apelido: a Toscana Brasileira.
Até então, a comercialização de vinhos de mesa e garrafão, feitos a partir de castas americanas, tinham forte influência para a economia local. Um processo muito semelhante ao que aconteceu no Rio Grande do Sul.
Foi a técnica da dupla poda, desenvolvida no Brasil pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), que trouxe as uvas de excelência para a região. O processo se beneficia de características da estação mais fria do ano, como clima seco aliado a amplitude térmica, para que os cachos amadureçam na planta conferindo grande qualidade às uvas e ao vinho.
No lugar da Sangiovese da Toscana, que faz o tradicional Chianti, por aqui a casta mais plantada é a Syrah, de origem francesa. Seus vinhos tintos são encorpados, com camadas de sabores, como frutas vermelhas e especiarias, como pimenta preta.
E o melhor de tudo é que nem precisamos de passaporte. Estamos a dois passos do brinde!
HARMONIZAÇÃO
Para acompanhar um dos pratos típicos da Mantiqueira, a truta com pinhão, um vinho branco tranquilo da casta sauvignon blanc é o casamento ideal.
DICAS
Muitas vinícolas paulistas fazem tour pelo vinhedo. Na Raízes do Baú, em São Bento do Sapucaí, o passeio dura uma hora e 30 minutos. O guia detalha a história e as características da produção de vinhos e uvas, do terroir, e das colheitas de inverno e verão. O visual para a Pedra do Baú é um dos pontos altos. A vinícola Castanho, em Jundiaí, também segue os percursos das videiras e da produção. Ao final, os adultos fazem a degustação de quatro rótulos e as crianças ganham um copo de suco de uva.
Marcelle Justo
Jornalista e especialista em vinhos