EXTREMISMO

Células neonazistas crescem 1.400% no Brasil em sete anos e preocupam sociedade

Número de grupos extremistas passa de 72 para 1.117 no Brasil entre 2015 e 2022, segundo pesquisa da antropóloga Adriana Dias

Por Xandu Alves | 27/05/2023 | Tempo de leitura: 2 min
São José dos Campos

Reprodução

Materiais de apologia ao nazismo apreendidos pela Polícia Civil
Materiais de apologia ao nazismo apreendidos pela Polícia Civil

A onda de ataques a escolas que ocorreu no Brasil nos últimos anos tem ao menos um componente em comum na maior parte dos casos: os agressores manifestavam simpatia pelo ideário nazista, incluindo símbolos e ideias de mentores do movimento extremista.

De acordo com especialistas, o discurso de ódio cresce no país principalmente entre os jovens. Não à toa, dos mais de 20 ataques a escolas praticados no Brasil desde 2002, os agressores tinham entre 13 e 25 anos.

Os jovens estão se radicalizando no Brasil a partir da aproximação com a ideologia nazista e outros discursos de ódio. Tal fenômeno cresce especialmente por meio das redes sociais e da internet profunda, a deep web, de difícil acesso e de controle sobre o que é disseminado.

Principal pesquisadora do nazismo no país e apelidada de “caçadora de nazistas”, a antropóloga e cientista social Adriana Abreu Magalhães Dias dedicava-se, desde 2000, a estudar o fenômeno no país.

Ela começou sua pesquisa na conclusão do curso de Ciências Sociais na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e prosseguiu no mestrado e doutorado em Antropologia Social. Adriana morreu no dia 29 de janeiro de 2023 depois de travar uma luta contra um câncer cerebral.

A pesquisa dela, que apontou um crescimento vertiginoso de células neonazistas no país, serviu de base ao trabalho da polícia e do Ministério Público, que têm deflagrado ações para prender pessoas envolvidas com grupos extremistas no país.

Segundo Adriana, núcleos extremistas ligados ao nazismo passaram de 72 para 1.117 no Brasil entre 2015 e 2022, um aumento de 1.400% em sete anos.

Além da presença em redes sociais, tais grupos disseminam o discurso antissemita, racista e xenofóbico em fóruns online e na deep web, ambiente virtual de difícil detecção nos meios tradicionais de busca na internet.

O nazismo prega o extermínio de povos e pessoas diferentes da raça ariana como, por exemplo, judeus, negros, gays e pessoas com deficiência. Seus símbolos trazem a ideia de intolerância, ódio e racismo que não podem ser admitidas. No Brasil, a apologia ao nazismo é crime. A pena prevista pode variar de dois a cinco anos de reclusão, além do pagamento de multa.

Em entrevista ao UOL, o marido de Adriana, o funcionário público Marcelo Higa, revelou uma projeção que a antropóloga fez e que se concretizou com as eleições de 2018. Ela dizia que, com o crescimento de grupos neonazistas no país, chegaria a hora de um governo de extrema-direita ser eleito no Brasil. Dito e feito.

“A ascensão de Bolsonaro no cenário político está muito ligada ao discurso de ódio que ele propagava na mídia e pela internet, desde 2014. Ele começou a ganhar muito seguidores”, disse o cientista social e político e consultor de Comunicação Sérgio Amadeu da Silveira, professor da UFABC (Universidade Federal do ABC).

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