Agradecer é algo que nos ajuda muito. Não se pode pensar que seja apenas uma obrigação, ou uma boa educação, é muito mais do que isso. A gratidão é um remédio. Ela transforma o ambiente, assim como o nosso estado de espírito. Há um estudo (Emmons, 2009) que aponta que a gratidão requer três atitudes: reconhecimento (intelectual), aceitação (boa vontade) e apreciação (emocional). A gratidão pressupõe que reconhecemos que recebemos um favor de alguém, de alguma maneira; houve um auxílio, um benefício. Como é importante ver o que temos, o que chegou, o que nos alcançou, isso é maior do que ver o que nos falta. Além disso, a gratidão também inclui a aceitação, ou a boa vontade, para receber e reconhecer o favor recebido ou o auxílio. Seria uma disposição do coração de ver que algo bom e importante nos foi concedido, é ver o “copo meio cheio” ao invés do que, talvez, não chegou. Essa boa vontade faz toda a diferença. Em terceiro lugar, a gratidão envolve uma atitude de apreciação, ou seja, há uma alegria no reconhecimento e na aceitação desse favor, desse auxílio.
Contudo, de acordo com Lewis (1958, cit. in Watkins, 2004), até o ato de expressarmos o apreço que sentimos por outra pessoa, este é incompleto. Ou seja, a expressão da gratidão nos permite tirar o máximo partido de uma bênção, tornando o processo completo. Em outras palavras, expressar a gratidão faz toda a diferença! Essas pesquisas realizadas permitiram concluir que as pessoas que expressam gratidão com frequência se sentem melhor emocional e fisicamente, até em termos interpessoais. Ela também nos ajuda a evitar sentimentos destrutivos, como a ganância, a inveja e o rancor. Quem sente gratidão lida melhor com o estresse e os traumas, e pode, mais facilmente, se recuperar de enfermidades e ter mais saúde física (Emmons, 2009; Emmons & McCullough, 2003, Fave, 2006). Neste sentido, podemos ver como o exercício frequente da gratidão poderia ajudar a prevenir a depressão, na medida em que dota os indivíduos da capacidade de notarem e reconhecerem os aspectos positivos da vida (Grimm, Kolts & Watkins, 2004). A gratidão permite construir recursos psicológicos, sociais e espirituais que contribuem consideravelmente para o bem-estar (Fredrickson, 2001).
De acordo com estudos realizados por Emmons e McCulloughs (2003), as pessoas que praticam a gratidão sentem-se mais conectadas com os outros. As relações sociais tendem a se deteriorar muitas vezes na sequência de emoções negativas, como a zanga, a inveja e o ressentimento. A gratidão contribui para nos proteger dos efeitos destas emoções negativas e, simultaneamente, melhora os sentimentos de amizade e delicadeza, uma vez que se quer o melhor e se dá, por meio da gratidão, o que é justo a quem nos fez bem.
Agradecer gera algo positivo em quem faz e em quem recebe a gentileza. Como vimos, pesquisas comprovaram que agradecer fortalece o vínculo interpessoal, auxilia no bem-estar, aumenta a resiliência, reduz o estresse e ajuda a prevenir a depressão. Em um estudo realizado com 300 adultos, o grupo que fez um exercício de agradecimento apresentou melhora na saúde mental em comparação aos participantes que não fizeram essa atividade. Essas pessoas também têm uma saúde física melhor. Eles têm sistemas imunológicos mais fortes, apresentam pressão arterial baixa e dormem bem. Quem agradece com regularidade mantém maiores níveis de alegria e emoções positivas. Podemos fazer o mesmo exercício de gratidão anotando, antes de dormir, três motivos pelos quais podemos agradecer nesse dia.
As Escrituras Sagradas, sempre tão ricas em sabedoria, nos convidam: Oferecerei a ti um sacrifício de gratidão e invocarei o nome do Senhor (Salmo 116:17). Agradecer é o caminho para vencer o mal, tanto o mal cotidiano que nos importuna como insetos quanto o mal da tragédia imensa que nos abate de uma hora para outra. A gratidão forma o ambiente que nos ajuda a escalar a montanha da vida! Pelo que você pode agradecer hoje?