EDITORIAL

Mensagens golpistas

Conversas mostram pessoas próximas a Bolsonaro e ao governo do ex-presidente tramando golpe contra Estado

13/05/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Uma troca de mensagens obtida pela Polícia Federal, e que veio à tona na última semana, é mais um elemento que indica que um golpe de Estado foi arquitetado por integrantes do governo de Jair Bolsonaro após o então presidente ter sido derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva na eleição de outubro passado.

Nas mensagens, Elcio Franco chega a dar sugestões de como mobilizar 1.500 homens para a intentona golpista. E quem é Elcio Franco? Um coronel do Exército, que foi funcionário de confiança no governo do ex-presidente, atuando como número 2 do Ministério da Saúde e também como assessor da Casa Civil.

O diálogo era com o ex-major Ailton Barros, que é amigo de Bolsonaro e foi preso pela PF na operação que investiga um esquema de fraude em comprovantes de vacinação contra a Covid-19.

Em outra conversa, revelada uma semana antes, o ex-major falou sobre um possível golpe de Estado com o tenente coronel Mauro Cid, que era o ajudante de ordens de Bolsonaro e também foi preso pela PF na operação.

Em resumo, o que temos nesses diálogos são militares próximos a Bolsonaro, de confiança do ex-presidente, tramando contra a democracia brasileira. É algo gravíssimo, que precisa ser investigado e que requer uma punição exemplar aos envolvidos.

O envolvimento de militares em atos golpistas, aliás, será o próximo foco da PGR (Procuradoria-Geral da República) nas investigações sobre a omissão de autoridades nos ataques de 8 de janeiro. Essa apuração deve ser aprofundada com relatórios de inteligência da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e a Polícia Militar, e também com as imagens de câmeras de segurança. O objetivo será identificar se ocorreram omissões dolosas de quem deveria proteger a sede dos três poderes.

O STF (Supremo Tribunal Federal) já tornou réus mais de 550 dos 1.390 denunciados pela PGR por envolvimento nos ataques de 8 de janeiro. Desse total, 239 são do núcleo de executores, 1.150 dos incitadores e uma pessoa no núcleo sobre suposta omissão de agentes públicos.

É nítido que as investigações têm avançado, mas ainda falta chegar aos personagens principais que alimentaram o sentimento golpista - e que tramaram contra a democracia - nos últimos quatro anos.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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