KELMA JUCÁ

O concerto de um instrumento só

Por Kelma Jucá | 21/04/2023 | Tempo de leitura: 2 min
Jornalista

Pesa somente 300 gramas. Tanto já se falou dele. Possui um repertório de letras musicais quase incontável em todo o mundo. É possivelmente dos mais versáteis na categoria figura de linguagem, visto que há expressões tantas a seu respeito. Mas, ironia!, é praticamente esquecido quando se pensa nele objetivamente. Refiro-me ao coração. Sim, este músculo involuntário que bate em nosso peito até o último momento.

Foi numa meditação em que tudo ao redor se silenciara que eu pude ouvi-lo. Intenso. Movimento cadenciado. Quase uma oração. Senti-me intencionalmente viva. Eu vivia e queria viver e me ouvir. O som do próprio coração como principal fonte calmante e a certeza de que se vive.

Embora muitas vezes finjamos não escutar por puro desleixo ou distração, o bater do coração é tal qual uma cantiga que nos acompanha desde a infância, época em que se corria para cima e para baixo... “O coração quase a saltar da boca”.

O compasso da nossa música interna é o maior ponto de conexão consigo mesmo. Sem dúvida, o som do coração é quem melhor nos “fala” sobre nossas emoções. O seu diagnóstico é cirúrgico. Ele não erra.

De tão fiel, dentre todos os órgãos vitais, é o coração que vai trabalhar por você até o fim. Inclusive se você tiver um “coração de pedra”. Desde o seu primeiro existir na Terra, ele pulsa. É um operário da vida. Por dia, bombeia mais de 70 mil litros de sangue para nos manter em pé, a reclamar por qualquer irrelevância por aí afora.

A complexidade de sua engenharia é tão refinada que, mesmo sendo oco, possui duas câmaras superiores (os átrios) e duas inferiores (os ventrículos) que atuam de modo tão orquestrado quanto um concerto do maestro João Carlos Martins. De um perfeccionismo a toda prova, não mistura o sangue venoso (sem oxigênio) com o sangue arterial (com oxigênio). É quase um recado a nós: “A minha parte eu faço – e bem feita”.

Por minuto, bate de 70 a 80 vezes. Isso significa que em 24 horas o seu coração fez “tum-tum”, no mínimo, 100.800 vezes para no dia seguinte fazer exatamente o mesmo serviço. Um trabalhador incansável. Exemplo de dedicação. Verdadeira expressão viva e incontestável do milagre divino dentro de nós. Façamos valer a pena. O coração agradece. E ainda toca música.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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