OPINIÃO

Medo e insegurança rondam as escolas

Por Daniel Fernandes, Valdemir Pereira Maurílio Oliveira | 29/04/2023 | Tempo de leitura: 2 min
professor - aposentado-diretor do Sindserv, professor da rede municipal-diretor do Sindserv e professor da rede estadual e municipal

Os ataques violentos nas escolas pelo Brasil afora vêm provocando um clima de muito medo e insegurança, gerando uma paranoia entre estudantes, profissionais da educação e familiares. São José dos Campos está inserida nesse radar da violência, ainda mais diante dos últimos acontecimentos.

Ao analisarmos de modo mais profundo essa onda de violência nas escolas, constatamos que estamos diante de uma crise sistêmica. A verdade é que o sistema capitalista predatório está levando não só ao colapso econômico, mas igualmente ao colapso sociocultural.

As saídas apontadas pelo poder público para resolver essa crise é tratar a violência com aparato de mais violência. No caso das escolas, querem culpabilizar tão somente o aluno “desajustado emocionalmente” e, invariavelmente, apontar o despreparo dos profissionais da educação, ao invés vez de lidar com o problema de maneira mais ampla e profunda.

A cada tragédia, avoluma-se o número de reuniões e o resultado apenas tangencia o problema da violência na educação. As soluções são focadas no imediatismo, com a introdução de policiais armados no interior das escolas, adoção de detector de metais, entre outros, transformando as escolas em presídios, descaracterizando a natureza das escolas como espaço educacional voltado para o desenvolvimento de valores humanistas. Não estamos afirmando que medidas de segurança não devem ser tomadas, mas por si só, não garantem a resolução do problema. É preciso desenvolver um processo de escuta ativa dos atores que fazem parte da dinâmica da escola identificando ali, as causas, como forma de prevenção das consequências.

Os atos de violência jogados na cara da sociedade é o aspecto mais perverso da realidade das escolas, sobretudo das públicas, começando pela falta de um projeto educacional democrático, falta de salários justos aos profissionais da educação e a privatização da educação como política neoliberal.

Em suma, vivenciamos um momento da combinação explosiva de vários fatores, como degeneração da escola pública e sua falência (vide o Novo Ensino Médio), da cultura de ódio disseminada pela extrema direita bolsonarista, principalmente através do submundo das redes sociais. Nestes últimos anos, isso ocorreu de forma mais aberta e intensa e, acelerada exponencialmente pela   crise econômica, ambiental ,cultural e social em combinação com o negacionismo científico, castigando toda a sociedade, mas sacrificando principalmente a parcela mais vulnerável da população.

O desafio para desacelerar esse processo de violência nas escolas deve seguir duas vertentes que se conectam: uma no interior das escolas, com um processo educacional que leve em consideração a diversidade, a igualdade, a liberdade, a fraternidade e a outra é a adoção de políticas públicas de Estado, voltadas para a implantação de projetos socioeconômicos, educacionais, culturais que superem as enormes desigualdades sociais do país.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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