Ora, ministro. A “mídia comercial”, termo que o senhor utilizou para se referir à imprensa, não deve ser aliada de nenhum governo. Nem do governo Lula, nem do governo Bolsonaro, nem do governo de qualquer presidente da República. E também não deve ser inimiga. A missão do jornalismo é informar, levar ao conhecimento do público os acontecimentos relevantes, os fatos que muitas vezes alguns governantes não gostariam que fossem divulgados.

Uma imprensa livre, aliás, é imprescindível em uma democracia. E não foi justamente uma “frente ampla pela democracia” que Lula buscou formar na campanha de 2022, para impedir a vitória do golpismo do ex-presidente? Taxar a imprensa como inimiga não é uma atitude democrática. É algo que Bolsonaro fazia, para que seus apoiadores aceitassem de uma forma mais passiva as mentiras criadas pela extrema-direita.

Aliás, essa não deve ser a postura da imprensa apenas com relação aos presidentes. A mídia também não deve ser nem amiga e nem inimiga de governadores, de prefeitos, de nenhuma autoridade. A relação com os poderes deve ser civilizada. O que não pode ser confundido com leniência ou subserviência.

Não é raro, infelizmente, que governantes usem o poder de seus cargos para tentar exercer algum domínio sobre a linha editorial de veículos de comunicação. Mas quem pratica o bom jornalismo não aceita esse tipo de pressão.

Governantes e jornalistas não são amigos e nem inimigos. Essa é uma lição que Paulo Pimenta deveria ter aprendido na faculdade.