Editorial

É a hora da verdade

De volta ao Brasil após mais de 3 meses, chegou a hora de Bolsonaro responder a inquéritos, ações e acusações

01/04/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Autoproclamado patriota, o ex-presidente da República Jair Bolsonaro ignorou por mais de três meses o trecho do hino nacional que diz “verás que um filho teu não foge à luta”.

Após ser o primeiro presidente brasileiro na história a ser derrotado em uma tentativa de reeleição, Bolsonaro havia deixado o país ainda no fim de dezembro, dois dias antes do fim de seu mandato. Inimigo da democracia, não ficou para a cerimônia da transmissão da faixa presidencial para seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Também assistiu de longe milhares de seus seguidores atacando a sede dos três poderes, em Brasília, nos intoleráveis atos de 8 de janeiro.

Apenas no último dia 30 de março, quando a Polícia Federal já cogitava solicitar a expedição de um mandado de prisão contra o ex-presidente caso ele permanecesse nos Estados Unidos até abril, por evasão do distrito da culpa - um crime previsto no Código de Processo Penal -, Bolsonaro enfim retornou ao Brasil.

Embora o risco de prisão imediata tenha sido afastado com a volta ao país, isso não quer dizer que Bolsonaro pode ficar aliviado. O ex-presidente enfrenta uma série de investigações e ações na Justiça que podem torná-lo inelegível ou até acusado em processos criminais. No STF (Supremo Tribunal Federal) são seis inquéritos que apuram condutas que podem configurar crimes, como: os casos das fake news e das milícias digitais; o vazamento de dados sigilosos de investigação de suposto ataque ao sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral); suposta interferência na Polícia Federal, denunciada pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro; a afirmação falsa de que a vacinação contra a Covid-19 estava ligada ao risco de contrair o vírus da Aids; e a suspeita de incitar e de ser autor intelectual dos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro.

No TSE, são 16 ações que podem torná-lo inelegível. Duas delas têm como alvo principal os ataques ao processo eleitoral e às urnas. Há também casos na primeira instância, como acusações de racismo e o escândalo das joias da Arábia Saudita, sobre o qual ele irá depor à PF em 5 de abril.

O governo Bolsonaro não andou dentro das “quatro linhas da Constituição”, como o ex-presidente sempre alegou. Agora, chegou a hora de responder por todos os absurdos praticados de 2019 e 2022.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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