NEGLIGÊNCIA

Pedrinho teve alta momentos antes de receber medicação

O bebê de 11 meses foi internado para tratar uma virose e acabou passando mal após receber uma medicação, depois da alta

Por Nathália Sousa | 30/03/2023 | Tempo de leitura: 4 min

A morte de um bebê após a aplicação de uma medicação no Hospital Municipal de Cajamar foi o estopim para que a população se revoltasse com o atendimento de Saúde do município. Pedro Henrique Oliveira Santos, o Pedrinho, de 11 meses, foi internado por conta de uma virose, mas acabou falecendo poucos dias depois.

Moradores de Cajamar organizam hoje uma manifestação que pede Justiça por Pedrinho e outros casos de negligência (leia mais abaixo).

De acordo com a tia do menino, Gabriela Alves da Silva, "ele deu entrada quinta-feira (23) de manhã, com virose. Ficou internado e, no sábado (25), a enfermeira aplicou um remédio errado. Assim que ela aplicou o remédio, ele ficou todo duro e depois chegou a ter convulsões. Na segunda-feira (27) à noite, 21h, ele faleceu".

Gabriela conta que o pai de Pedrinho já fez o boletim de ocorrência e espera a investigação do caso. "A gente está conversando com o prefeito e ele disse que também vai pedir investigação do caso e que já demitiu todos os funcionários do hospital envolvidos no atendimento. Depois do ocorrido, ele já estava ciente, mas só agora procurou a gente para dar assistência", relata.

O medicamento aplicado em Pedrinho foi azitromicina, um antibiótico usado para tratar infecções bacterianas. "O Pedrinho sempre foi saudável e sempre foi bem atendido quando precisou ir ao hospital, este foi o primeiro problema que aconteceu com ele. A gente tem tudo gravado, ele no sábado chegando ao hospital, estava bem, ele entrando na ambulância entubado, tiramos foto do frasco do remédio que foi aplicado, azitromicina. A gente vê como negligência, ele estava tomando apenas soro, porque estava com virose. Não sei porque aplicaram aquele remédio."

Pai do bebê, Wallas da Silva Santos conta que Pedrinho já ia sair do hospital quando tudo ocorreu. "Eu não estava lá no momento, mas minha ex-esposa relatou o que aconteceu. Estive na sexta à noite no hospital e o Pedro estava muito bem. No sábado de manhã, ela disse que ele estava bem, só estava um pouco enjoado. Ela até questionou o médico, por que ele não dava alta se o Pedro estava bem, mas o médico disse que estava na troca de plantão. A outra médica chegou, examinou ele e disse que estava de alta, mas, antes de irem embora, a enfermeira chegou e disse que a médica tinha passado mais uma medicação."

"A enfermeira limpou o acesso que estava na veia dele e injetou o remédio, mas estava entupido e ela apertou. Quando a medicação desceu, de uma vez, ele já se retorceu e com segundos começou a ficar roxo, aí levaram ele para outro lugar e no sábado mesmo ele foi transferido para Francisco Morato. O tempo todo falavam que ele estava bem e estável, mas ele não voltou mais", lamenta.

Wallas sente a perda do filho, mas espera que haja Justiça. "Eu já saí da delegacia e não sei se a denúncia foi direto para a médica e enfermeira ou se foi para todo o hospital, mas acredito que seja para o hospital. Já tem sindicância da prefeitura e a polícia vai investigar também. Queremos Justiça para que não aconteça com outros pais o que aconteceu com a gente, mas o principal já não vai acontecer, não vamos ter o Pedro de volta e é uma dor irreparável."

MANIFESTAÇÃO

Organizando uma manifestação que pede Justiça por Pedrinho e outros casos de negligência, Giovana Cremon diz que os problemas com a Saúde de Cajamar existem há muito tempo. "Uma amiga minha teve problema ontem (quarta-feira), a mãe dela precisava fazer um exame e não chamavam, aí ela foi na Secretaria de Saúde e descobriu que tinham perdido a guia dela, mas disseram que iam fazer outra. Ela levou a guia e, na hora de fazer o exame, precisou reagendar de novo, porque a guia estava errada. São coisas absurdas que vêm acontecendo", relata.

"O pai da minha amiga é idoso e foi internado no Hospital Municipal. No quarto dele não tinha um armário para colocar as roupas que ele levou. Ele precisou pedir e levaram para um quarto caindo aos pedaços. Se precisar ser acompanhante lá, as poltronas estão todas quebradas", conta Giovana, que, a partir desses problemas, decidiu fazer um grupo de WhatsApp com munícipes de Cajamar que relatam problemas enfrentados com a Saúde. O grupo alcançou 400 integrantes em poucos dias.

A manifestação ocorre nesta sexta (31), às 17h30, no Trevo da Margarida, entre as avenidas Tenente Marques e Bento da Silva Bueno. Giovana pede que os manifestantes vistam preto.

RESPOSTA

Na terça-feira à noite, o prefeito de Cajamar, Danilo Joan, fez uma live lamentando o ocorrido e informando que houve abertura de uma sindicância para punir os envolvidos.

Através de nota, a Prefeitura de Cajamar informa que "manifesta publicamente o seu mais profundo pesar pelo falecimento do bebê. Informamos que foi instaurado um Processo de Sindicância para apurar todo o atendimento prestado ao menor nas dependências do Hospital Municipal "Enfermeiro Antônio Policarpo de Oliveira". Neste momento de profunda dor, a Prefeitura se solidariza com os pais e familiares, a quem presta toda a assistência."

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