RELIGIÃO

CNBB faz Assembleia Geral em Aparecida em meio à polarização na Igreja e ataques

Santuário Nacional receberá 60ª Assembleia Geral da CNBB em meio à polarização na Igreja Católica e onda de ataques a lideranças e à Campanha da Fraternidade

Por Xandu Alves | 26/03/2023 | Tempo de leitura: 2 min
São José dos Campos

Divulgação

Santuário Nacional sedia Assembleia Geral da CNBB desde 2011
Santuário Nacional sedia Assembleia Geral da CNBB desde 2011

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) prepara a sua 60ª Assembleia Geral que será realizada no Santuário Nacional de Aparecida em abril. O principal encontro do episcopado brasileiro ocorre na Basílica desde 2011.

Marcada para 19 a 28 de abril, a Assembleia Geral terá um componente diferente neste ano: a polarização dentro da Igreja Católica.

A questão foi piorando ao longo do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, que entrou em rota de colisão em mais de uma oportunidade com lideranças católicas.

Ele teve embates públicos com o arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, e com o presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte (MG).

“Quem se diz cristão ou cristã deve ser agente da paz e a paz não se constrói com armas. Somos todos irmãos. Esta verdade é sublinhada pelo papa Francisco”, disse Azevedo em setembro de 2021, em alusão a Bolsonaro.

Na ocasião, o presidente da CNBB também pediu que as pessoas “não se deixem convencer por quem agride os poderes Legislativo e Judiciário”.

A postura de Bolsonaro ainda incentivou a militância a promover ataques à Igreja e seus líderes, como na Festa de Nossa Senhora Aparecida em outubro de 2022, quando apoiadores do ex-presidente acusaram o Santuário Nacional de impedir um rosário que seria feito com a presença de Bolsonaro, que acabou não comparecendo.

As cenas de bolsonaristas atacando repórteres e criticando padres da Basílica viralizaram na internet e foram condenadas pela CNBB.

A tensão elevou-se com a onda de católicos ultraconservadores que se mobilizaram na internet para atacar a CF (Campanha da Fraternidade) de 2023, que tem como tema o combate à fome.

Segundo a CNBB, um dos objetivos da campanha deste ano é “propor aos fiéis um caminho de conversão para não ceder à cultura da indiferença frente ao sofrimento humano”.

Lançada no Santuário Nacional, a CF 2023 foi relacionada por cristãos extremistas a uma espécie de “conspiração comunista” e, portanto, merecedora de boicote por católicos.

PREPARAÇÃO

Na última quarta-feira (22), a CNBB debateu a polarização na Igreja como preparação para a Assembleia Geral em Aparecida, propondo "refletir sobre as ameaças à comunhão Eclesial no atual contexto sociopolítico e pastoral".

A análise apresentada pelo padre Geraldo De Mori, da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, situou o contexto da relação entre política e religião após o período de redemocratização do Brasil, com destaque ao uso religioso da política. Também pontuou a força dos influenciadores digitais com discursos religiosos.

Na Igreja Católica, de acordo com o sacerdote, também se observou “grupos sensíveis às pautas de costumes, os quais se identificaram com esses discursos”.

“Tudo isso faz parte de um cenário mais amplo e ajuda a entender de onde surge a polarização na Igreja”, disse De Mori.

Da contraposição considerada frutífera entre os chamados “progressistas” e “conservadores”, na avaliação do sacerdote, a Igreja está num contexto em que grupos usam das mídias digitais para a “luta contra as tendências que ‘corromperam o catolicismo'” e para a promoção de um “tradicionalismo e imaginário da idade média” que ganharam importância e visibilidade nos últimos anos.

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9 COMENTÁRIOS

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  • Marcelo
    28/03/2023
    Parece lindo ver os discursos e ou homilias e textos dos sábios do Clero,as e a conversão? Porquê comida é mais importante que conversão? Não sou demagogo, mas muitos padres NÃO ensinam mais o que é católico infelizmente. E isso NÃO preocupa os pensadores da Igreja Católica no Brasil? O evangelho é deturpado pela teologia da libertação. Aprendi em uma ordem de mais de 900 anos, a OBEDIÊNCIA NÃO PODE SER CEGA.
  • Laurindo Bonilha Regueira
    28/03/2023
    Fico impressionado com a horrível herança deixada por Bolsonaro, pois até em instituições como a Igreja Católica que nada tem a ver com seu malfadado governo, o qual, inclusive, perpetrou, por omissão, centenas de milhares de mortes, ele exerce influência e sempre maléfica. Esses católicos ultraconservadores, na verdade, são ignorantes e/ou elitista, o que nada tem a ver com a prática religiosa.
  • Ana Maria De Sousa Luz
    28/03/2023
    ANA MARIA LUZ SINTO PREOCUPAÇÃO COM ESSEIMPASSE DENTRO DA IGREJA CATÓLICA, MAS SEI QUE QUEM A DIRIGE E O ESPÍRITO SANTO POR MRI DE MOÇÕES ESPÍRITUAIS QUE IRÃO MOVENO OS CORAÇÃO ES DOS VERDADEIROS CRISTÃOS BATIZAZADOS QUE NAO SE DEIXARÃO SEDUZIR PELO INIMIGO ,ESPERO MUITO NESTE TRABALHO DA IGREJA SINODAL MISSIONÁRIA QUE ILUMINARÁ MUITA COM A VERDADE DIVINA,E,A FE. AMÉM!!!
  • Moacy
    27/03/2023
    \"refletir sobre as ameaças à comunhão Eclesial no atual contexto sociopolítico e pastoral\". Igreja, chame seus filhos para conversar.. com tema como este!.. acho contraproducente. Inicia-se um assunto tão importante com rótulos, chavões..cacuetes linguísticos produzidos pelos meios de comunicação. Vcs podem fazer melhor!
  • Paulo
    27/03/2023
    O racha na Igreja Católica, está com o apoio a esquerda no Pais, que seus ideais são contra a diretrizes da Igreja, e o apoio ao atual governo, que está nem um pouco preocupado com os pobres, para de se esconder falando de Bolsonaro, ele já foi. Nós católica estamos vendo o agora, o problema da campanha, que foi usado o mesmo número da esquerda, e não dos órgãos responsável colou que é divergente.
  • Ivanize Santana Sousa Nascimento
    27/03/2023
    Deus conduza sempre a CNBB! Como deixar de falar dos problemas sociais, se quem tem deixado o irmão com fome, sede, desempregado, sem teto, sem terra, é o próprio semelhante? Quem tem causado a desigualdade social? Jesus fala do seu projeto de vida...dar vista aos cegos, libertar os cativos...E hoje, ele sumiu? Vamos crer e apoiar esta causa!
  • Milton Antônio Magalhães Fonseca
    27/03/2023
    Vejo com muita preocupação esse \"racha\" entre os católicos não só aqui no Brasil, como em todo mundo. Aqui no Brasil verificamos a polarização política e também a direção da CNBB pela esquerda! Religião e política não se misturam. Se a igreja católica combate com muita clareza contra o aborto, liberalização de drogas e desrespeito com as famílias, que é a base de qualquer sociedade, como apoiaram este indivíduo que hoje ocupa a direção do meu país???
  • Ir. Maria Maura de Morais
    27/03/2023
    Busquemos a comunhão com Jesus Cristo e com os cristãos que somos todos nós. É possível uma integração entre política e religião desde que as pessoas que fazem política sejam a favor da vida é do bem estar de todos. De tal forma que os pobres, os que estão em desvantagem financeira dessem ter o necessário para viver com dignidade. Nós cristãos não podemos nos conformar com a injustiça. Somos seguidores de Jesus que foi morto por causa da injustiça humana. Dediquemos de todo o coração a dar continuidade a pronta de Jesus: \"Vida em abundaabundância ncia, vida plena para todos\"!
  • Marcio
    27/03/2023
    Concordo com a igreja em promover a paz e olhar para os pobres