No último dia 12, a Polícia Civil fez uma operação na região após descobrir que adolescentes planejavam atacar escolas em São José dos Campos e em Caçapava. Três jovens estudantes foram ouvidos.
Quem acionou os policiais brasileiros foi uma agência de segurança dos Estados Unidos, a HSI (Homeland Security Investigations), que havia identificado a troca de mensagens entre os alunos nas redes sociais.
A HSI, que é ligada ao Departamento de Segurança dos Estados Unidos, usa a tecnologia para combater crimes como terrorismo, tráfico de drogas, tráfico humano e lavagem de dinheiro. No caso em específico, a agência identificou diálogos sobre atos graves de violência, como ataques a escolas e homicídios em massa. O atentado estava previsto para o dia 13 de março, data em que serão completados quatro anos do massacre em uma escola de Suzano, em que 10 pessoas morreram.
Também esse mês, foi revelado que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) usou, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, um sistema secreto para monitorar a localização de cidadãos em território nacional - um tipo de ação que não tem previsão legal.
A ferramenta, utilizada de 2019 a 2021, permitia monitorar a localização de até 10 mil pessoas por meio do celular. Para acioná-la, bastava digitar o número do telefone do alvo. Depois, o sistema entregava à Abin o histórico de deslocamento e até mesmo alertas em tempo real da localização da pessoa que estava sendo monitorada.
Esse sistema israelense, que custou R$ 5,7 milhões e foi adquirido sem licitação no fim do governo do ex-presidente Michel Temer, era usado sem a necessidade de registros sobre quais pesquisas eram realizadas. Isso permitia que qualquer celular fosse monitorado sem uma justificativa oficial.
No governo Bolsonaro, a Abin era vinculada ao GSI (Gabinete de Seguranças Institucional), que era comandado por militares. A Polícia Federal irá investigar possíveis irregularidades no uso do sistema espião.
Esses dois episódios nos mostram que a tecnologia é uma mera ferramenta. Usá-la para o bem ou para o mal é algo que será determinado pelo caráter e pela intenção de quem a manipula.