OPINIÃO

O poder da organização de classe

Por Weller Gonçalves | 13/03/2023 | Tempo de leitura: 2 min
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas
OVALE

Quando os metalúrgicos se organizam e, juntos, lutam por direitos, empregos e melhores condições de trabalho, eles estão dando continuidade a uma história que começou em 14 de março de 1956. Naquele dia, trabalhadores da Ericsson criaram a associação que deu origem ao Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região. Dessa forma, organizaram-se como classe e iniciaram uma trajetória que completa 67 anos.

As mudanças são permanentes, fruto das novas realidades vivenciadas pela classe trabalhadora. Durante esse processo, os metalúrgicos expandiram suas bandeiras e passaram a lutar não apenas por direitos trabalhistas. Foram muito além.

Organizados pelo Sindicato, os metalúrgicos da nossa região lutaram também contra os ataques promovidos por governantes em todas as esferas de poder. Nos anos 1980, trabalhadores ousaram enfrentar os patrões, que contavam com amplo apoio dos órgãos de repressão do governo militar. As greves corajosamente deflagradas naquele período foram monitoradas de perto pela ditadura, conforme revelam documentos oficiais, e resultaram em perseguições e demissões de trabalhadores. Nem por isso os metalúrgicos desistiram de lutar. Ao contrário, ganharam força para os novos combates que vieram e que ainda estão por vir.

Nos últimos quatro anos, o Sindicato participou ativamente da oposição ao governo de Jair Bolsonaro (PL), que tentou colocar um fim nas liberdades democráticas e disseminou o ódio aos negros, às mulheres e à comunidade LGBTI. Seu governo de extrema-direita também pregou de forma criminosa o negacionismo à ciência, levando à morte mais de 600 mil pessoas, e sancionou a reforma da Previdência, que jogou os direitos dos trabalhadores no ralo.

Mas a derrota eleitoral de Bolsonaro não significa o apoio do Sindicato ao novo governo Lula (PT). Daremos continuidade ao princípio da independência, nascido em décadas passadas, em que nosso único compromisso é lutar em defesa da classe trabalhadora. Assim fizemos no governo Bolsonaro e assim faremos na gestão Lula. No ano passado, o Sindicato cobrou dos governos federal, estadual e municipal medidas em favor dos trabalhadores da Caoa Chery e Avibras, em Jacareí, e MWL, em Caçapava. Este ano, já cobramos do presidente Lula soluções concretas para que os trabalhadores da Avibras recebam seus salários e tenham seus empregos preservados. Em greve desde setembro, os metalúrgicos da Avibras representam hoje aquilo que os metalúrgicos da Ericsson representaram em 1956: o poder da organização de classe.

Em seu 67º aniversário, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região quer homenagear cada um dos trabalhadores que fizeram parte da formação da nossa categoria e que são exemplo para aqueles que estão chegando agora. Reafirmamos também nossa luta contra o capitalismo e por uma sociedade socialista, sem explorados e exploradores.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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