EMPREGO

Indústria reduz participação na geração de novos empregos no Vale e na RMC

Processo de desindustrialização atinge regiões metropolitanas do Vale do Paraíba e de Campinas e faz emprego perder força no segmento industrial

Por Xandu Alves | 04/03/2023 | Tempo de leitura: 2 min
São José dos Campos

Divulgação

Indústria automobilística
Indústria automobilística

O emprego formal (carteira assinada) nas regiões metropolitanas do Vale do Paraíba e de Campinas vem sofrendo uma mudança significativa nas últimas décadas.

Maior empregador nas duas regiões, o setor de serviços aumenta cada vez mais sua participação no total de empregos gerados, ao passo que diminuem a influência da indústria, construção civil e comércio.

Em regra geral, de acordo com especialistas, o setor de serviços paga salários menores e exige menos qualificação do que o setor industrial.

Na RMVale, as indústrias chegaram a representar 36% do saldo de novos empregos formais em 2004, com 6.817 postos de trabalho gerados diante de um total de 18,9 mil vagas abertas em toda a região.

Nesse mesmo ano, o setor de serviços foi responsável por 2.638 vagas, 14% do saldo total da região, menos da metade do que gerou a indústria.

O levantamento foi feito por OVALE com base nos dados oficiais do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho.

Saltando para 2022 as posições se invertem completamente. Do total de 27 mil empregos abertos no ano passado no Vale, a indústria foi responsável por 4.332, apenas 16% da totalidade.

Serviços empregou 16 mil pessoas, nada menos do que 59% de todos os novos empregos abertos na região. Para cada emprego gerado na indústria, serviços abriu 3,6 mais. Em 2004, o setor industrial gerou 2,5 mais postos de trabalho do que serviços.

O fenômeno não é localizado apenas entre indústria e serviços. O setor da construção civil fechou 2022 com 1.348 vagas abertas na região, 5% da totalidade. Em 2009, o segmento foi responsável por 35% dos empregos criados no Vale, com 4.161 de um total de 11,9 mil.

Também aconteceu com o comércio, que permitiu a entrada no mercado formal de 5.163 pessoas em 2022, no Vale, representando 19% do total. Em 2003, contudo, a participação do comércio chegou a 56% dos empregos formais, com 1.988 vagas de um total de 3.554.

RMC

A RMC (Região Metropolitana de Campinas) encara situação semelhante. Em 2006, o setor de serviços representava 23% do total de empregos abertos (31 mil), com 7.138. A indústria chegou a 55% da totalidade em 2004, com 9.228 de um total de 16,9 mil novas vagas geradas pelo mercado de trabalho.

Em 2022, as posições se inverteram. A RMC fechou o ano com saldo positivo de 46,7 mil novos empregos, sendo 23,5 mil em serviços (50%) e 6.493 na indústria (14%).

Comércio reduziu a participação de 42% para 23% e a construção civil de 34% para 10%, o que revela a mudança na qualidade do emprego formal na RMC.

Embora gere muitos empregos, o setor de serviços ainda se destaca pela redução dos direitos trabalhistas e salariais dos empregados e uma menor qualificação dos funcionários.

Em relatório, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) chama a atenção para a desaceleração da economia mundial que obriga mais trabalhadores a aceitarem empregos mal pagos, precários e desprovidos de proteção social, acentuando as desigualdades exacerbadas pela crise da Covid-19.

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