A cidade de São Sebastião, no Litoral Norte, entrou para a História dos maiores desastres naturais do país com a tragédia que se abateu no último final de semana, com uma tempestade nunca vista ou medida pelos centros de meteorologia, monitoramento e alerta.
Em praticamente 15 horas, a precipitação que atingiu o litoral foi de 683 milímetros, impactando especialmente São Sebastião. O volume de chuva nunca havia sido mensurado por nenhum instituto ou centro meteorológico do país.
A magnitude da tempestade foi tamanha que choveu, nessas 15 horas, mais do que todo o verão anterior.
"Nunca se viu algo assim no país", disse Osvaldo Moraes, diretor do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), que cobra um plano nacional de gestão de risco e respostas a desastres.
O saldo da tempestade histórica foi uma devastação como nunca vista em São Sebastião, com 54 mortes – número contabilizado até a última sexta (24) –, sendo 53 na cidade e uma em Ubatuba. Os dados foram divulgados pelo governo do estado de São Paulo.
Trinta e oito corpos já foram identificados e liberados para o sepultamento em São Sebastião, sendo 13 homens, 12 mulheres e 13 crianças. Equipes do município, com psicólogas e assistentes sociais, fazem um trabalho de acolhimento aos familiares das vítimas.
As forças de segurança e resgate seguem no socorro às vítimas. Ainda são mais de 2.251 desalojados e 1.815 desabrigados em todo estado, incluindo outras regiões, como Bertioga.
A Secretaria de Estado da Saúde informou que 29 adultos e seis crianças vítimas das chuvas foram atendidos no Hospital Regional do Litoral Norte. Desse total, 27 estão estáveis e um em estado grave.
Outros dois pacientes já receberam alta hospitalar e outras duas mulheres, uma grávida e uma puérpera, foram transferidas para o Hospital Stella Maris, em Caraguatatuba. Na terça-feira (21), duas crianças, ambas de oito anos, foram transferidas ao Hospital Regional de São José dos Campos.
Equipes municipais, estaduais e federais atuam juntas para dar conta dos estragos que a tempestade deixou em São Sebastião, com bairros alagados e enlameados, praias destruídas e moradias literalmente levadas pela enxurrada.
"Foi um cenário de guerra. Rio e mar viraram uma coisa só. Pessoas foram arrastadas pela enxurrada", disse a advogada Fernanda Carbonelli, moradora de São Sebastião e atuante na ONG Instituto Verdescola, que foi transformada em hospital de campanha e chegou a abrigar 24 corpos de vítimas das chuvas da comunidade Vila Sahy, uma das mais atingidas na cidade.
"Tenho certeza de que o estado de São Paulo, que é tão pujante, de pessoas tão valiosas, vai dar a volta por cima, vai se reconstruir e sair ainda mais forte", disse o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que transferiu seu gabinete para São Sebastião.
Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB), Tarcísio garantiu que uma força-tarefa de 600 pessoas trabalha no auxílio à população do Litoral Norte, especialmente em São Sebastião.
“Louvo todos os profissionais incansáveis, do município, da Defesa Civil, das Forças Armadas, do Corpo de bombeiros e da PM, do Exército. É um momento de dor, mas essa dedicação todo conforto e esperança”, afirmou.