Os bairros da zona sul de São José dos Campos são a maioria entre os locais apontados como áreas de risco por motorista de aplicativo do município. Além disso, algumas empresas como a 99 Táxi alertam os condutores sobre corridas o risco e o histórico de alguns pontos da cidade em questão.
OVALE esteve falando com alguns motoristas que realizam corridas por aplicativos como o 99 Táxi e a Uber para saber quais os locais ‘menos desejados’ de se fazer corrida e qual o horário padrão para se trabalhar e evitar problemas como assaltos.
Vila São Bento, os Conjuntos Habitacionais Dom Pedro I e Dom Pedro II, Pinheirinho dos Palmares e Campos dos Alemães, todos na zona sul, foram os mais citados pelos motoristas. O CDD (Cidade de Deus), na zona norte de São José dos Campos, também foi um dos mais mencionados nos questionamentos.
O debate em torno dos riscos das corridas de aplicativo em determinados horários e localidades voltou à cena após a morte do motorista Carlos Alberto Lourenço, de 62 anos, natural de São José dos Campos. No dia 14 de janeiro ele realizou uma corrida saindo do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeronáutica) em direção a Caçapava, levando um homem negro e uma mulher.
O carro do condutor, um Onix preto, foi encontrado na manhã seguinte, incendiado, em uma área de terra no bairro Jardim Primavera, em Caçapava. As buscas por Carlos Alberto prosseguiram até a tarde da última segunda-feira (23), quando seu corpo foi encontrado na Estrada Municipal José Francisco de Alvarenga, no bairro Boa Vista.
Segundo a Polícia, a vítima foi morta no mesmo dia do sequestro. Na ocasião, os familiares de Lourenço enfatizaram que era natural o motorista rodar durante a noite na cidade e que ele já era experiente no ramo.
SEM MEDO
No entanto, os condutores ouvidos pela reportagem afirmaram “não sentir medo” de trabalhar” no município. Mesmo relembrando o assassinato do motorista joseense que foi capturado após uma viagem em Caçapava, os motoristas admitiram que estão sempre sujeitos a problemas, mas que Uber e 99 Táxi, as maiores empresas do ramo na atualidade, promovem extensos mecanismos de segurança.
“Esses aplicativos possuem recursos de segurança muito bom. As conversas podem ser gravadas, assim que você entra no carro o aplicativo disponibiliza a opção. A 99 Táxi, inclusive, mostra as áreas de risco que algumas cidades têm. Eu me sinto respaldada. Não tenho medo”, disse uma motorista de 54 anos que não quis se identificar.
ARÉAS DE RISCO
A 99 Táxi usa um mapeamento dinâmico em áreas com índices elevados de criminalidade em médias e grandes cidades. Isso é sempre repassado ao motorista no momento em que ele aceita a corrida, que decide sozinho se vai ou não ao local indicado. A empresa afirmou que baseia suas estatísticas para atualizar o mecanismo em cima de dados externos das Secretarias de Segurança Pública dos estados.
Já a Uber, diferentemente da concorrente, não alerta os motoristas, mas, em cima das mesmas estatísticas, passa a não realizar mais corridas de bairros tidos como de risco após às 17h. De outras regiões para esses mesmos locais, no entanto, as corridas acontecem de forma natural.
Nós nos policiamos para não entrar em áreas de risco, o aplicativo até barra para determinados lugares, mas as vezes acabamos indo para esses locais com corridas que saem do centro ou de bairros ‘normais’. Tem o botão de segurança par ativar e tudo mais. Medo eu não sinto, mas a gente evita lá [zona sul] depois de um certo horário”, diz agora um condutor, de 49 anos, também motorista de Uber e 99 Táxi.
Um modo utilizado por muitos motoristas é a leitura facial dos passageiros. Muitos afirmaram que a disponibilidade do aplicativo em mostrar nome, foto e idade dos clientes ajuda bastante. “Eles disponibilizam a foto do passageiro, o nome, e isso traz uma segurança. A Uber, por exemplo, tem um dispositivo que permite corridas apenas de mulheres com mulheres, acho isso muito bom”, completou a outra entrevistada, de 56 anos, que também não quis se identificar.